Novo normal?

Novo normal?

16 de junho de 2021

A expressão “Novo Normal” tem sido amplamente usada nesta pandemia para definir uma grande mudança no status quo, porém o quanto destas mudanças já não estava acontecendo ou estava batendo em nossas portas, sem que tenhamos percebido?

A expressão também não é nova, a primeira vez que escutei foi em 2015, numa palestra corporativa na Academia Militar de West Point (NY). Neste evento, o termo “Novo Normal” foi citado relacionado à teoria “VUCA”, que era o objeto principal da apresentação, e é um acrônimo, na língua inglesa, de Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade).

Esta teoria, cunhada em 1987 por Warren Bennis e Burt Nanus, foi adotada pelo U.S. Army War College a partir de 2002, na educação militar, para lidar com o mundo multilateral resultante do fim da Guerra Fria. Logo o termo foi adotado pelos administradores, pois traduz muito bem o ambiente de negócios nos dias atuais.

Na prática, a Volatilidade (“V”) é a representação de todo dinamismo do momento atual, não seguindo padrões previsíveis, sendo inócuo buscar no passado soluções para o futuro. Esta mistura de velocidade com efemeridade demanda adaptações rápidas e precisas nos planos e modelos de negócio das organizações, questionando a todo momento o seu sentido diante das mudanças de cenário.

A Incerteza (“U”) que um ambiente instável gera, global e localmente, com conexão plena entre pessoas, processos e plataformas, afeta todos os níveis de uma organização. Alguns exemplos de eventos significativos globais como a “crise do subprime em 2008”, o “ataque ao WTC em 11/09/2001”, e locais como “greve dos caminhoneiros em 2018”, “impeachment da ex presidente Dilma Rousseff”, a pandemia que nos envolve desde o início do ano, impactaram o destino de muitas empresas que não tiveram a agilidade de reagir a tempo.

Toda a conectividade citada no parágrafo anterior carrega também uma elevada Complexidade (“C”), elevando o número de variáveis que afetam o nosso dia-a-dia, sem contar a constante renovação de tecnologias e hábitos de consumo. Lidar com todas estas variáveis ao mesmo tempo exige muito foco e simplificação, sob o risco de perder timing de resolução de um problema ou de alguma oportunidade.

Por fim, outra característica atual é a Ambiguidade (“A”), ou seja, não existe uma única resposta certa para nossas questões, o que realmente importa é que a decisão tomada faça sentido para a situação e traga efetividade. Não cabe mais uma visão maniqueísta da vida real e este é um dos principais fatores pelo qual diversidade é tão importante nas organizações.

Segundo o IBGE, aproximadamente 250 empresas de diversos portes fecharam as portas todos os dias nos cinco anos que precederam a pandemia. E apenas no primeiro semestre deste ano, o número subiu para quase 4.000!

Quantas empresas e empregos seriam salvos se seus gestores tivessem preparado suas organizações para enfrentar as adversidades e oportunidades que este cenário atual carrega?

Ser capaz de se adaptar a esse ambiente de negócios e estar preparado para enfrentar mudanças de forma ágil são competências determinantes para manter a competitividade e até a sobrevivência no mercado.

Torna-se imperativo uma releitura dos processos de planejamento, tomada de decisões, gestão de riscos, implementação de mudanças e resolução de problemas.

A viagem na montanha russa já começou, muito antes da pandemia. Se chegou até aqui e não caiu do carrinho, ainda dá tempo de se realinhar e seguir em frente; se já caiu, vale começar uma nova viagem com outro olhar!