ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE TRIPLE BOTTOM LINE E ESG NA GESTÃO DE SUSTENTABILIDADE DAS EMPRESAS

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE TRIPLE BOTTOM LINE E ESG NA GESTÃO DE SUSTENTABILIDADE DAS EMPRESAS

25 de março de 2022 - Por Rodrigo Tetti Garcia

RESUMO

Este artigo tem como objetivo realizar uma revisão conceitual das práticas adotadas pelos conceitos do Triple Bottom Line, apresentado por John Elkington em 1998 e do ESG, apresentado pela Organização das Nações Unidas em 2004, com a publicação do relatório Who Cares Win. Foi conduzida uma análise bibliográfica acerca dos temas e posteriormente foram selecionados aspectos que permitissem a identificação e análise de semelhanças e divergências entre as duas abordagens. Adicionalmente, foi mapeado como as organizações com atuação nacional reportam ao público seu desempenho sob o aspecto de sustentabilidade empresarial. Pelas análises realizadas, concluiu-se que as abordagens do Triple Bottom Line e do ESG são aplicadas em diversas organizações empresariais independentemente do ramo ou do setor de atuação da empresa. Ambas as aplicações apresentam aspectos de similaridade e convergência principalmente nos aspectos socioambientais. A diferença se reserva no caso do Triple Bottom Line à abordagem dos aspectos econômicos, item que não é tratado pelo ESG. Da mesma forma que a Governança não é abordado no pelo Triple Bottom Line. Percebe-se, porém, uma movimentação importante no mercado com o surgimento de uma nova perspectiva, o EESG. Este novo conceito passa a considerar os aspectos econômicos, ambientais, socais e de governança, criando uma diferença de valor para as organizações, que passam a incorporar em uma mesma perspectiva os conceitos do Triple Bottom Line e ESG.

Palavras-chave: Triple Bottom Line; ESG; Sustentabilidade.

ABSTRACT

This article aims to carry out a conceptual review of the practices adopted by the concepts of the Triple Bottom Line, presented by John Elkington in 1998 and the ESG, presented by the United Nations in 2004, with the publication of the report Who cares win. A bibliographic analysis was carried out on the themes and later aspects were selected that would allow the identification and analysis of similarities and differences between the two approaches. Additionally, it was mapped how organizations with national operations report to the public their performance in terms of corporate sustainability. From the analyzes carried out, it was concluded that the Triple Bottom Line and ESG approaches are applied in several business organizations, regardless of branch or sector. Both applications show aspects of similarity and convergence, mainly in the socio-environmental aspects. The difference related to economic aspects is reserved in the case of Triple Bottom Line, an item that is not addressed by ESG. Likewise, Governance is not addressed in the Triple Bottom Line. Since this is the main difference between the concepts, there is, an important movement in the market with an emergence of a new perspective, the EESG. This new concept considers the economic, environmental, social and governance aspects, creating a difference value for the organizations, which incorporate Triple Bottom Line and ESG concepts in the same perspective.

Keywords: Triple Bottom Line; ESG; Sustainability.
1. INTRODUÇÃO

A interação do homem com o meio ambiente sempre existiu, mas foi se transformando ao longo dos anos. A partir da Revolução Industrial, a relação balanceada passou a dar lugar a um desequilíbrio do ecossistema, com o aumento do consumo de recursos naturais em função do avanço tecnológico. Acreditava-se à época que a natureza seria capaz de se reequilibrar, neutralizando os efeitos causados pelo homem. Os impactos causados pela revolução industrial provaram que não. Abertura de buracos na camada de ozônio, o derretimento de geleiras, as mudanças climáticas, entre outros impactaram não somente o meio ambiente, como também a vida das pessoas, das comunidades e do próprio setor econômico. Isso despertou a preocupação com as questões ambientais, trazendo essa pauta para discussões nacionais e internacionais.
Com a pressão dos impactos e grandes acidentes ambientais, o século XX protagonizou várias iniciativas importantes na luta por um planeta sustentável, assim como as pressões sobre a responsabilização dos impactos no meio ambiente. Deu-se início as ações de ordem preventiva, reparatória ou repressiva com a definição de leis, criação de institutos e órgãos reguladores, políticas públicas e normas empresariais.
Segundo International Institute for Sustainable Development (IISD), em 1968, na Conferência Intergovernamental, promovida pela Unesco, surgem as primeiras discussões sobre o desenvolvimento ecologicamente sustentável. Em 1972, a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano leva à criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Em 1987, Nosso Futuro Comum, ou o Relatório Brundtland, da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, populariza o termo “desenvolvimento sustentável”, definindo-o como o modelo que “atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”. Em 1999 a Dow Jones lança o primeiro índice de sustentabilidade das empresas, destinado a se tornar uma ferramenta para investidores que busquem por empresas lucrativas que adotam princípios de desenvolvimento sustentável. Nos anos 2000 entram em vigor o Protocolo de Kyoto (2005) e o Acordo de Paris (2015) com medidas para a redução da emissão dos gases de efeito estufa.
Ao longo das últimas décadas, muitos estudos e pesquisas foram desenvolvidos no tema socioambiental, de forma a trazer para a sociedade abordagens que promovessem uma gestão sustentável. A resposta corporativa frente às novas demandas da sociedade foi uma mudança de foco das empresas. De geração de lucro e retorno somente ao acionista para a geração de valor e retorno a múltiplos stakeholders, tema explorado pelo filósofo e professor Edward Freeman em seu livro Strategic Management: A Stakeholder Approach (1984).
Nesse contexto, surgem os importantes conceitos abordados neste artigo. Em meados da década de 90, surge o Triple Bottom Line (TBL) e uma década depois o conceito de Environmental, Social and Governance (ESG).
Esta pesquisa visa comparar as abordagens do TBL e dos fatores ESG de modo a buscar resposta a seguinte questão: Como o TBL e o ESG podem ser utilizados como abordagem da gestão de sustentabilidade das empresas? Entre os objetivos específicos estão: (i) Revisar os conceitos separadamente; (ii) Identificar as suas diferenças e similaridades e (iii) Analisar as potencialidades de uso das duas abordagens de forma integrada na geração dos relatórios de sustentabilidade.
Este artigo está dividido em cinco seções. Na seção 2, é apresentado uma revisão da literatura básica acerca de cada um dos temas de forma isolada (TBL e ESG). Na seção 3, apresentou-se a metodologia empregada para a revisão da literatura. Na seção 4, demonstrou-se como ocorre a integração entre os métodos e algumas das suas semelhanças e divergências. Nessa seção, desenvolveu-se um quadro onde são apresentados os princípios, benefícios, similaridades e diferenças, vantagens e desvantagens de cada abordagem e detalhando seus enfoques. E na sequência, foi realizada uma discussão da importância tanto gerencial como científica de tal pesquisa. Por fim, na seção 5 são apresentadas as conclusões e recomendações depreendidas a partir das seções 2 e 4.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta seção do artigo, os principais conceitos teóricos serão apresentados e servirão de base para a estruturação das análises conduzidas pelos autores deste artigo.
A revisão teórica considerou uma análise sistemática não somente dos principais livros e artigos sobre o tema, mas também dos principais pesquisadores que influenciaram as definições, princípios teóricos e aplicabilidades dos conceitos de base para o TBL e ESG.

2.1. TRIPLE BOTTOM LINE (TLB)

2.1.1. Origem e conceitos

Em 1994, John Elkington introduziu o conceito de Triple Bottom Line (também conhecido como o Tripé da Sustentabilidade), que foi a origem da ideia de avaliar a empresa sob o ponto de vista social, ambiental e econômico (COSTA, 2021). Posteriormente, tornou-se popular com a publicação do livro Cannibals with Forks: The Triple Bottom Line of 21st Century Business, em 1997, também de Elkington.
Segundo Sanches (2019), o TBL trata da necessidade de integração das dimensões para que o desenvolvimento sustentável possa, de fato, ser atingido. Nessa teoria, a sustentabilidade deve se basear nos aspectos ambiental, social e econômico para poder se perpetuar.
Algumas discussões novas sobre a sustentabilidade tentam trazer novas dimensões de composição do modelo, como aspectos culturais e tecnológicos, como forma de estruturar a sustentabilidade de maneira mais sólida, contudo, o entendimento mais difundido sobre esse tema ainda se sustenta no Tripé da Sustentabilidade inicial. E complementa que o mais interessante sobre este conceito é quando se discute os aspectos relacionados ao TBL é, justamente, sua aplicabilidade para questões associadas ao macro ambiente, como países e nações, ou para os microambientes, como cidades, ou empresas.
O TBL está estruturado em três aspectos (SANCHES, 2019):
Social: envolve o capital humano alocado em uma sociedade, empresa ou comunidade. É importante atentar para questões como salários adequados, bem-estar das pessoas, ambiente de trabalho saudável (no caso da sustentabilidade pensada no âmbito empresarial) e os vínculos com as famílias. No contexto mais amplo (macro) os pontos de foco são em questões como a educação da população, segurança, violência e lazer;
Econômico: aqui são avaliadas questões como a produção, consumo e distribuição de bens e serviços, de maneira a permitir a geração de lucro sem impactar o meio de maneira agressiva e irreversível;
Ambiental: trata do capital natural de uma empresa ou sociedade, a curto, médio e longo prazo. Esse aspecto busca avaliar os impactos que são gerados no meio ambiente, não apenas pela extração de recursos naturais, mas também pela geração de resíduos (sólido ou não) decorrente dos processos das atividades econômicas. Aqui é importante entender qual são os danos causados, e quais os métodos para amenizá-los, ou mesmo recuperar aquilo que foi danificado.
A estrutura do Tripé da Sustentabilidade pode ser melhor compreendida por meio do modelo descrito na Figura 1, que apresenta, não apenas as dimensões de composição da sustentabilidade, mas também os resultados das intercessões entre as mesmas.

Figura 1 - Dimensões do Desenvolvimento Sustentável (Fonte: Kraemer, 2003 apud Sanches, 2019).

A primeira intercessão da figura representa o vínculo entre o progresso social e o crescimento econômico, sendo caracterizada como desenvolvimento socioeconômico; já a segunda junção mostra a integração entre o progresso social e a preservação ambiental, apresentando o surgimento de questões socioambientais. No terceiro item, há a junção dos aspectos de preservação ambiental com o crescimento econômico, determinando um desenvolvimento ecosustentável. É apenas quando as três dimensões se ligam, como na interseção quatro que se tem, de fato, a sustentabilidade conceituada pelo Triple Bottom Line.
Os conceitos do TBL desencadearam uma série de iniciativas: Global Reporting Initiative (GRI), Dow Jones Sustainability Indexes (DJSI), além de influenciar as questões utilizadas pela contabilidade corporativa, como o desenvolvimento do Sustainability Accounting Standards Board (SASB), Full-Cost Accounting, ESG (uma estrutura que concentra investidores e analistas financeiros em meio ambiente, fatores sociais e de governança) (COLLINGS, 2020).
Todavia, Elkington acredita que o TBL acabou gerando diversas plataformas de controle ou de contabilidade (GRI, SASB, TCFD, CDP e outras), para atender as necessidades dos investidores, credores, compradores e outros stakeholders e que acabam sendo mais prescritivas (COSTA, 2021).
Segundo Slaper (2013), para viabilizar a mensuração dos avanços nas três dimensões propostas, alguns indicadores são sugeridos já que não existem padrões definidos universalmente. Tipicamente medidas relacionadas à aspectos financeiros são calculados em dólar; medidas relacionadas às questões ambientais e sociais em forma de índice. Essa abordagem permite que adicionalmente a utilização de uma unidade de medida comum, seja possível comparar os resultados obtidos pelas organizações que seguem essa metodologia. Alguns dos indicadores sugeridos são apresentados no quadro abaixo:

Dimensões Indicadores sugeridos
Medidas Econômicas
Variáveis relevantes relacionadas ao resultado financeiro e fluxo do dinheiro na sociedade. Indicadores sugeridos representam renda, despesas, impostos, emprego, fatores específicos do negócio. Renda per capita
Custo do subemprego
Crescimento oportunidades de trabalho
Distribuição empregos por setor
Percentual de empresas por setor
Receita por setor e contribuição produto nacional bruto
Medidas Ambientais
Variáveis ambientais representam medidas relacionadas aos recursos naturais e refletem potenciais influências para viabilizá-los. Pode incorporar recursos como água, consumo de energia, tratamento lixo solido e tóxico, uso da terra (desmatamento). Concentração de dióxido sulfúrico; Concentração de oxido nitrogênio
Consumo de eletricidade; consumo de combustível fóssil
Reciclagem de lixo sólido, gestão de material tóxico
Utilização excessiva de nutrientes no solo
Tratamento de poluentes
Desmatamento
Medidas Sociais
Compostas de variáveis relacionadas a dimensões sociais, da comunidade ou região podendo incluir indicadores relacionados a educação, igualdade, acesso a recursos, saúde, bem-estar, qualidade de vida e capital. Taxa de desemprego
Pobreza relativa
Taxa de participação da mulher na força de trabalho
Tempo de expectativa de vida
Crimes violentos per capita
Percentual da população com curso superior
Tabela 1 – As Dimensões do Triple Bottom Line (Adaptado de Slaper (2013)

Usar TBL significa que haverá uma espécie de ato de equilíbrio e a adoção de uma mentalidade de compensação quando se trata de definir a estratégia de uma empresa para a tomada de decisões (COLLINGS, 2020).
Elkington prega que sejam incutidas mudanças nas estratégias das empresas ao definir suas metas. Estas metas precisam causar um impacto sobre as pessoas e no planeta. E em última análise, perguntar se os velhos modelos de capitalismo ainda são relevantes nos dias atuais. Dada a enormidade de desafios que precisam ser enfrentados, é necessário questionar se o TBL é o suficiente para mover o ponteiro rápido o suficiente.
Uma maneira de garantir que as pessoas e o planeta possam ser mencionados na sala de reuniões é incluir estes aspectos na missão e nos valores da empresa. Assim, os funcionários e acionistas podem questionar se certas decisões estão alinhadas com a missão e os valores da empresa e mudar suas decisões de acordo (COLLINGS, 2020).
A certificação “B Corp” ou “B Corporation” (abreviatura de “Benefit Corporation”), ou “B Lab” é uma certificação concedida às empresas comerciais que atendem a requisitos sociais e ambientais, governança e transparência em relação ao público. Ela foi definida em torno do Tripé da Sustentabilidade e fornece às empresas uma maneira formal de iniciar o processo de implementação de planos e metas em torno das pessoas e do planeta (COLLINGS, 2020).
Por fim, Tina Collings (2020) aponta que algumas empresas utilizam a certificação “B Corporation” como um processo de avaliação de onde elas se encontram no dia de hoje e podem ajudá-las a começar a pensar sobre: governança, clientes, comunidade, meio ambiente e trabalhadores. Uma das melhores maneiras de aprender sobre as práticas recomendadas, é através de um processo de benchmark, que consiste em ver como outras empresas estão implementando suas estratégias e obtendo sucesso.

2.1.2. Green Swans (Cisne Verde)

Em 2020, John Elkington apresenta o termo Green Swan (Cisne Verde), em seu livro Green Swans – The Coming Boom in Regenerative Capitalism. Trata-se de uma nova concepção do TBL de 1994 e cita que “é hora de repensar o conceito, definindo-o no contexto dos três R: Responsabilidade (onde está a maioria dos grupos de prática atuais), Resiliência (onde muito pouco esforço ainda se concentra) e Regeneração (onde os holofotes devem mudar agora) (MORIS, 2020).
O Cisne Verde traz o conceito de uma economia regenerativa, que é aquela na qual as necessidades de todas as pessoas são atendidas sem esgotar os recursos do planeta (ou seja, uma economia circular). Estes conceitos fazem uma analogia ao Black Swan, livro de Nassin Taleb, que relaciona o cisne negro ao imprevisto e com alto impacto ou severas consequências ao negócio, que acontece porque não prestamos atenção ao que ocorre em volta.
Para Elkington (2020), o Cisne Verde traz uma mudança profunda no mercado, geralmente catalisada por uma combinação de desafios do Cisne Negro e Cinza com mudanças significativas de paradigmas, valores, mentalidade, política, políticas, tecnologias, modelos de negócios e outros fatores-chave.
Portanto, o Cisne Verde é uma mudança de mentalidade que precisa ser incorporada às estratégias. É o passo inicial do que pode e onde quer chegar para uma perspectiva de economia do “ganha-ganha” para a sociedade e na geração de valor (COSTA, 2021).

2.2. ESG (ENVIRONMENTAL, SOCIAL AND GOVERNANCE)

2.2.1. Origem e conceitos

Em 2004, a terminologia ESG foi apresentada com a publicação do relatório Who Cares Wins, do Banco Mundial em parceria com o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e instituições financeira de nove países, incluindo o Brasil. Esse conceito foi uma provocação feita pelo então secretário-geral da ONU, Kofi Annan para 50 CEOs das maiores instituições financeiras, sobre a integralidade dos fatores ambientais, sociais e de governança no mercado de capitais (GLOBAL COMPACT, 2005).
O termo ESG vem do acrônimo em inglês que considera três aspectos importantes no qual uma empresa está inserida que são: Environmental, Social and Governance, que pode ser traduzido como ambiental, social e governança corporativa. O ESG tem ganhado grande visibilidade no contexto mundial e mais recentemente no Brasil. Isso se deve a uma preocupação crescente do mercado quanto as questões de sustentabilidade.
As diretrizes apresentadas pelo ESG estão embasadas nas análises de vários critérios e que foram estabelecidas conforme descrito abaixo:
E - Environment / Ambiental: Neste aspecto são avaliados os critérios de sustentabilidade e a preservação dos recursos naturais relacionados ao (i) Aquecimento global, (ii) Desmatamento, (iii) Escassez de água, (iv) Exploração irregular de matéria prima, (v) Descarte de resíduos e (vi) Logística reversa.
S – Social / Social: Aqui são abordadas as ações relacionadas a comunidade em que a empresa está inserida e seus públicos internos e externos como (i) as boas práticas relacionadas ao trabalho, segurança física e emocional dos seus colaboradores, (ii) são tratadas as questões dos projetos sociais, os incentivos a diversidade e a inclusão social, (iii) o código de defesa do consumidor, (iv) a lei geral de proteção de dados (LGPD) e o (v) patrocino aos programas culturais no contexto em que a empresa está inserida.
G - Governance / Governança Corporativa: São as diretrizes, as regras, as normas e os processos que gerem a empresa como um todo nas relações internas e externas. Aqui são tratadas as questões intangíveis de uma organização, e por este motivo é considerado por muitos como o mais complexo de ser mensurado. Algumas boas práticas são: independência do conselho, política de remuneração da alta administração, diversidade na composição do conselho de administração, estrutura dos comitês de auditoria e fiscal, ética e transparência.

A proposta é que as empresas com maior atuação nos fatores ESG pudessem aumentar o valor das ações, maior gerenciamento dos riscos, antecipando ações regulatórias ou acessando novos mercados. E ao mesmo tempo atuar de forma efetiva para contribuir com o desenvolvimento sustentável da comunidade em que operam (GLOBAL COMPACT, 2005). Desta forma haveria uma valorização das empresas que efetivamente teriam atividades de sustentabilidade e desta forma tornando o mercado de investimentos mais fortes e resilientes.
Dessa forma, para uma organização ser sustentável é preciso ser financeiramente segura para criar valor a longo prazo, deve ser capaz de reduzir os efeitos causados ao meio ambiente por meio de inovações de produtos e atividades, e adotar uma estratégia para gerar vantagem competitiva. Isso está de acordo com as expectativas da sociedade mundial (NICOLAESCU; ALPOPI; ZAHARIA, 2015).
O ESG e a sustentabilidade abordam ambos os aspectos ambientais e sociais, mas diferem bastante quanto à divulgação e benchmarking de dados. Enquanto a sustentabilidade integra uma visão complexa e sistêmica com estratégias práticas que vão muito além de combater e mitigar os impactos ambientais, o ESG define critérios para qualificar as oportunidades de investimento (KRUGLIANSKAS, 2021).
Com a conscientização do mundo corporativo, há a necessidade de incorporar os critérios ESG ao plano de negócio das empresas, mas é extremamente importante diferenciar as metas de sustentabilidade das práticas ESG, um sistema sustentável sempre terá uma política ESG (GRUPO ALVA, 2021).
A palavra Mensurável é a principal diferenciação entre sustentabilidade e desempenho ESG. A capacidade de medir as políticas ESG usando métricas específicas permitiu que os investidores comparassem os atributos ESG. Isso levou a uma maior precisão na avaliação do potencial das empresas no campo do comportamento ESG proativo (GRUPO ALVA, 2021).
Os dados ESG ajudam a identificar retornos baseados ao risco, além de relatar e destacar a relevância para as oportunidades de investimento. A ênfase em todos os três pilares muda a forma como as empresas medem e divulgam seu desempenho (KRUGLIANSKAS, 2021).
Os fatores ESG enfatizam os riscos para os aspectos sociais, tecnológicos, políticos, ambientais e econômicos do negócio, e as empresas buscam mitigar seus riscos ESG, para garantirem a sustentabilidade dos negócios junto ao setor financeiro (KRUGLIANSKAS, 2021).
Neste contexto é possível afirmar que o ESG não é o mesmo que sustentabilidade e para embasar esta contextualização o quadro abaixo apresenta uma análise comparativa entre as terminologias, suas aplicações e contextualização (GRUPO REPORT, 2021).
Tabela 2 – Análise comparativa entre ESG e Sustentabilidade
ESG Sustentabilidade
Público Investidores Multistakeholders
Foco Resultados Financeiros
Criação ou Destruição do Valor Econômico
Transparência Impactos Sociais e Ambientais na Sociedade e no Meio Ambiente
Métricas Mensuração do desempenho da gestão ambiental e social e das práticas de governança de uma organização Agenda mais ampla
Direcionamento Evidencia impactos e riscos inerentes ao negócio Não olha somente os riscos
Avalia as oportunidades
Proposta Produz evidências e gera credibilidade para os compromissos da organização em sua estratégia comunicada para a sociedade Atendimento às necessidades e demandas da sociedade
Estratégia Gestão das questões sociais, ambientais e de governança que impactam o resultado financeiro e a criação ou destruição de valor da empresa Pensamento estratégico da organização
Integração dos aspectos não financeiros ao ESG
Geração de valores para a sociedade
Fonte: Preparado pelos autores com base nos dados do GRUPO REPORT, 2021; ALMEIDA, A, 2021.

2.2.2. ESG e o mercado de investimentos

Estudos realizados por Khan, Serafim e Yoon (2016), pelo Fórum de Investimentos Sociais (2012) e por Kim, Park e Wier (2012) fornecem evidências claras de que os investidores estão incorporando dados de sustentabilidade nos seus processos de decisão de investimentos.
Globalmente, mais de US$30 trilhões em ativos sob gestão (AuM, sigla em inglês para “Assets Under Management”) são gerenciados por fundos que definiram estratégias sustentáveis. Só na Europa são US$14,1 trilhões, o equivalente a mais de 50% do AuM total do continente, enquanto nos Estados Unidos esse número já representa ~25%. Nos últimos anos, cada vez mais investidores estão colocando o conceito de “investimentos responsáveis” como fator decisivo na alocação de recursos e, na nossa visão, esse movimento deve somente se intensificar adiante.
Outro dado que evidencia a movimentação acelerada dos investidores para portfólios alinhados com os princípios ESG é o número de signatários do código de sustentabilidade do PRI – (Principles for Responsible Investment na sigla em inglês, ou Princípios para o Investimento Responsável, na tradução livre) que representa o compromisso dos grandes investidores institucionais do mundo de investir em negócios sustentáveis.

Figura 2 – Evolução do AuM dos signatários do PRI e # de signatários – Fonte PRI (Principles for Responsible Investment), XP Investimentos

O investimento socialmente responsável (SRI) é uma estratégia de investimento que considera basicamente dois componentes: o retorno financeiro relacionado ao desempenho financeiro a longo prazo criando valor para o acionista; e o retorno não financeiro (ambiental / social) com o propósito de proteger os interesses das outras partes (ALSAYEGH; ABDUK RAHMAN; HOMAYOUN, 2020).
Segundo os dados disponibilizados pela Bloomberg (2021), a expectativa é que os ativos ESG globais devem ultrapassar US$ 53 trilhões até 2025, representando mais de um terço dos US$ 140,5 trilhões em ativos totais sob gestão projetados.
Por estes dados é possível identificar a importância dada aos fatores ESG, e o setor financeiro passou a reconhecer a relevância de tais questões e se engajou em uma série de iniciativas para melhorar sua gestão nos principais processos de negócios (GLOBAL COMPACT, 2005). As questões trazidas pelo ESG despertam um processo de monetização das empresas, onde grandes grupos de investimentos passaram a olhar para estes aspectos, criando uma visão dos negócios de fora para dentro, priorizando seus investimentos em empresas que demonstram um comprometimento com as questões de sustentabilidade, trazidos pelos fatores ESG.
Um outro exemplo dessa movimentação é o grupo de investimento BlackRock liderada por Larry Fink, a partir das cartas publicadas nos anos de 2019 a 2021. Em um estudo realizado recentemente pela XP Investimentos (2020) apontam que três são as principais razões da crescente importância do ESG.
1. O engajamento dos investidores e o comportamento dos consumidores está levando as empresas a se reinventarem. Conforme visto anteriormente, diversos são os dados que mostram a evolução significativa do número de investidores que consideram as questões ambientais, sociais e de governança em suas decisões de investimento e acreditamos que esse movimento só irá acelerar.
À medida que mais investidores incorporam o ESG em suas estratégias de investimento, mais pressão será colocada em empresas cujos processos parecem não contribuir positivamente para tais objetivos. O que se vê atualmente é um fluxo de capital crescente para ativos ou fundos que estejam alinhados a esses princípios, ao mesmo tempo em que se nota um número cada vez maior de investidores que procuram alienar suas participações em empresas cujos processos não andam nessa direção.
Um exemplo é o compromisso do Fundo Soberano da Noruega, anunciado no início deste ano, de desinvestir cerca de US$ 13 bilhões em ativos relacionados ao uso de combustíveis fósseis. Outro exemplo é a BlackRock, a maior gestora de recursos do mundo, com US$7 trilhões em ativos sob gestão – ou seja, 4x o PIB do Brasil! Para eles, a sustentabilidade é parte central da estratégia de investimentos, com 100% de integração dos critérios ESG.
Um dos principais fatores que impulsiona a agenda ESG dos investidores institucionais são as iniciativas criadas nos últimos anos com o objetivo de reunir investidores que buscam, a partir do engajamento com as empresas em que investem, trazer mudanças. Destas iniciativas, destacam-se duas principais: o PRI e o SASB.
Princípios para o Investimento Responsável (PRI): Criado em 2005, é uma parceria entre a ONU e os investidores institucionais privados que busca levar as questões de sustentabilidade para o centro das discussões em se tratando de investimentos. O foco está na compreensão das implicações da incorporação dos fatores ESG nos investimentos e para fornecer suporte na incorporação destes nas decisões. Conforme previamente discutido, de 2016 até hoje, o número de signatários do PRI mais do que dobrou, ultrapassando 3.000 membros, representando um AuM total superior a US$100 trilhões.
Sustainability Accounting Standards Board (SASB): Entidade criada para cuidar da comunicação de informações não-financeiras das empresas, definindo padrões de divulgação de sustentabilidade específicos para cada indústria – chamada matriz de materialidade. O SASB criou um Grupo de Consultoria de Investidores que é composto por líderes proprietários e gestores de ativos comprometidos com a melhoria da qualidade e comparabilidade de divulgação relacionada à sustentabilidade pelas empresas aos investidores. Este grupo representa um total de mais de US$ 21 trilhões de ativos sob gestão e inclui a maioria dos maiores gestores de investimento globalmente.

O engajamento crescente dos investidores fornece uma pressão mais imediata sobre as empresas para melhorarem seu posicionamento em relação aos fatores ESG. De forma complementar, outro fator que se acredita que provavelmente conduzirá as empresas também nessa direção está relacionado à mudança do comportamento do consumidor. Esse já é um tema bastante discutido nos debates acerca dos princípios ESG, mas é provável que isso se torne cada vez mais relevante daqui para frente – destacam-se abaixo pesquisas em relação ao tema que corroboram essa visão.
Em primeiro lugar, uma pesquisa da Nielsen de 2017, com consumidores em todo o mundo mostrou que:
81% dos consumidores acreditam fortemente que as empresas devem ajudar a melhorar o meio ambiente;
Mais de 60% dos consumidores estão muito ou extremamente preocupados com a poluição do ar, da água, uso de embalagens, resíduos de alimentos, etc;
A pesquisa ainda destaca que os consumidores mais jovens tendem a ser mais receptivos e dar maior importância às questões ambientais e sociais do que consumidores com idade superior: 80% dos respondentes da Geração Z e 85% da Geração Y dizem que é extremamente ou muito importante que as empresas possuam programas que visem melhorar o meio ambiente, percentual este que se compara à 65% no caso dos respondentes acima de 65 anos.

Figura 3 – Percentual dos investimentos realizados pelas gerações – extraídos dos relatórios da XP Investimentos

2. A regulação força, cada vez mais, os tópicos ESG na agenda dos investidores. Na visão da XP Investimentos (2020), a atual onda de mudança impulsionada pela sociedade civil e pelos investidores é um dos principais fatores que estão direcionando a mudança por parte das empresas. Somado a isso, também se acredita que as mudanças impostas pela regulamentação estão e terão, cada vez mais, um papel importante nesse movimento.
No Brasil, por sua vez, ainda há carência de regulações mais direcionadas à agenda ESG nos investimentos. Como o tema é relativamente novo e traz desafios, muitas vezes opta-se por implementar regras mais gerais e pouco prescritivas, com espaço para que os participantes utilizem consensos e iniciativas internacionalmente reconhecidas.
3. ESG tem sido um sinal particularmente eficaz de geração de retorno (alfa). Diversos são os trabalhos acadêmicos que avaliam se portfólios focados em empresas alinhadas aos princípios de ESG são mais rentáveis ou não quando comparado àqueles sem políticas específicas. De acordo com um estudo realizado pelo PRI, dentre os cerca de 2.000 estudos publicados a respeito do assunto desde 1970, 63% concluem que existe uma correlação positiva entre a adoção de critérios ESG e retorno, enquanto 10% têm opinião oposta e 27% não encontraram relação entre ambos os fatores.
A fim de entender como o retorno dos índices de ações em geral se compara com o retorno de “índices ESG”, ou seja, aqueles cuja composição contém as empresas que apresentam o melhor rating ESG, a XP Investimentos (2020) realizou uma série de análises comparando a performance histórica de diferentes índices, de diferentes regiões, com destaque para o Brasil.
Nos Estados Unidos, desde 2009, a Bolsa americana, NYSE, subiu impressionantes +295%. Quando se analisa a performance, no mesmo período, do índice que contém as empresas melhores posicionadas em termos ESG (FTSE4Good US Index), o número surpreende: +345% de valorização, ou seja, +52 pps acima de seu benchmark.
Na Europa, a conclusão é semelhante: desde 2007, a performance do índice MSCI Europe ESG Leaders superou em +8 pps o seu benchmark.
Olhando em uma perspectiva global, utilizou-se o índice MSCI ACWI, que representa o desempenho de todo o conjunto de ações de grande e médio porte do mundo, em 23 mercados desenvolvidos e 26 emergentes. Novamente, desde 2014, a performance do índice ESG superou em +18,7 pps o índice geral.

Figura 4 – Índice MSCI ACWI versus Índice MSCI ACWI ESG Leaders – Fonte: Bloomberg, MSCI, XP Investimentos.

Quando se analisou os mercados emergentes, o alfa é ainda maior: enquanto o índice MSCI EM teve um retorno de +15,4% desde meados de 2007, o do MSCI EM ESG Leaders Index foi de +97,4%, ou seja, +82 pps acima.

Figura 5 – Índice MSCI EM versus Índice MSCI EM ESG Leaders – Fonte: Bloomberg, MSCI, XP Investimentos.

Visando entender como as empresas brasileiras que estão à frente em relação aos aspectos ambientais, sociais e de governança performaram historicamente em relação ao mercado como um todo, realizaram-se duas comparações.
Primeiramente, utilizou-se os índices da MSCI: MSCI Brazil Index e MSCI Brazil ESG Index. Desde 2014, o índice ESG superou em +11pps seu benchmark.

Figura 6 – Índice MSCI Brazil versus Índice MSCI Brazil ESG Leaders – Fonte: Bloomberg, MSCI, XP Investimentos.

Indo além do universo das ações, os chamados green bonds, que são títulos verdes de renda fixa destinados a projetos de clima e meio ambiente, estão se tornando mais populares à medida em que a demanda por investimentos sustentáveis aumenta. O dinheiro arrecadado com esses títulos é reservado para projetos verdes, ou seja, projetos que tenham benefícios ambientais e / ou climáticos, mas é garantido por todo o balanço do emissor.
O gráfico abaixo mostra o desempenho do índice Bloomberg Barclays Global Aggregate em comparação com o índice Bloomberg Barclays Global Green Bond nos últimos três anos. O índice verde avançou +16,3% no período contra +11,9% no caso de seu benchmark, ou seja, +4,4 pps a mais.

Figura 7 – Índice Bloomberg Global Aggregare versus Índice Bloomberg Barclays Global Green Bond – Fonte: Bloomberg, XP Investmentos.

3. METODOLOGIA
Este artigo tem por objetivo realizar uma análise bibliográfica acerca do uso dos conceitos do Triple Bottom Line e do ESG na gestão da sustentabilidade das empresas. Para tanto foram realizadas pesquisas em diversas bases de dados acerca do tema. A pesquisa foi conduzida por meio de cinco etapas: (i) definição das palavras-chave; (ii) escolha das bases de dados; (iii) pesquisa de livros ou artigos em bases de dados e análise dos títulos encontrados, palavras-chaves, resumos e referenciais teóricos dos artigos; (iv) análise da integração e comparação entre as metodologias e (v) discussão e conclusão.
Os procedimentos adotados para a revisão da literatura foram divididos em:
a) Palavras-chave: Empregaram-se para a pesquisa de artigos os seguintes termos: Triple Bottom Line e suas derivações (TBL, Tripé da Sustentabilidade, 3P’s, etc), ESG e suas derivações (ASG, EESG, Sustentabilidade, etc), considerando que as publicações poderiam referenciar pelo menos aos dois termos simultaneamente com o propósito de encontrar publicações que analisassem as questões abordadas por ambos os conceitos;
b) Definição das bases de dados: Portal de periódicos da CAPES, EBSCO Host, ANPAD, Biblioteca Digital da USP, Biblioteca Digital da FIA, Euromonitor Internacional, Google Acadêmico, Scielo, Scopus e Google Acadêmico;
c) Análise dos títulos, palavras-chaves e resumos dos artigos: O critério de relevância adotado na filtragem dos artigos foi a ênfase nos termos definidos. Constatou-se a quantidade incipiente de pesquisas realizadas acerca das integrações entre o Triple Bottom Line e os fatores ESG, o que justifica a importância desta pesquisa.

O método de pesquisa adotado foi a abordagem qualitativa, buscando-se informações confiáveis para se explicar com profundidade as características do contexto do objeto de pesquisa (OLIVEIRA, 2012; NIELSEN et al, 2017). Trata-se de uma técnica de pesquisa que busca entender as dinâmicas de um ou poucos objetos de estudo, sem preocupações relacionadas a número e a quantidades, apenas com as características qualitativas do objeto de estudo (CORRÊA, 2008).
No que diz respeito ao tipo de pesquisa, adotou-se a exploratória, que busca um conhecimento inicial sobre determinado tema ou objeto de estudo. Normalmente, feita através de dicionários, enciclopédias, livros básicos, internet, sem necessidade de artigos longos e científicos. Busca uma familiarização com o tema, e acontece antes de um aprofundamento teórico sobre o tema a ser pesquisado (CORRÊA, 2008).
Os dados foram obtidos através de pesquisa bibliográfica, que conforme Marconi e Lakatos (2021) e Koche (2012), abrange a pesquisa em toda bibliografia já publicada acerca do tema do estudo, tentando-se explicar um problema através do conhecimento disponível e já publicado, levantando-se o conhecimento disponível na área com a finalidade de ampliar o grau de conhecimento, descrevendo-se o estado da arte acerca do tema. Em suma, é elaborada com base em material científico já publicado, como livros, artigos, dissertações e teses, cujo objetivo é levantar e organizar o conhecimento disponível sobre o objeto da pesquisa (NIELSEN et al, 2017).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Kruglianskas (2021), o termo de sustentabilidade integra uma visão complexa e sistêmica que inclui preocupações com a equidade e justiça social e o desenvolvimento econômico. Ou seja, o tema vai muito além do que simplesmente combater e mitigar os impactos ambientais. Ela incorpora termos importantes de grande relevância, como Economia verde, Baixa pegada de carbono (ou carbono zero), Conservação de energia, água e recursos, Energias limpas / renováveis, Circularidade, Responsabilidade social corporativa, Diversidade e inclusão, Direitos humanos, Saúde e segurança, Cadeia de abastecimento verde, Desenvolvimento de novos produtos, Gestão de resíduos etc.
Por outro lado, surgiu um conceito chave que se abarca nas práticas de negócios sustentáveis: é o Triple Bottom Line. Nesse contexto, é exigido que uma empresa inclua as pessoas (People) e o planeta (Planet) junto com a obtenção do lucro (Profit) em seu balanço patrimonial. Para que isso ocorra, a organização passa a dialogar com uma vasta gama de stakeholders e especialistas. Posteriormente, surgiu o conceito ESG, que aponta para um conjunto específico de critérios ambientais, sociais e de governança. E esse, sem dúvida, tornou-se o termo preferido dos investidores e dos mercados de capitais para definir um investimento responsável.
Tendo isso em vista, foi elaborada a Tabela abaixo com o objetivo de mapear conceitos, semelhanças, diferenças e práticas entre o Triple Bottom Line e o ESG. E na sequência, cada um dos aspectos selecionados são avaliados sob a luz da literatura acadêmica e práticas de mercado.

Aspectos avaliados TBL ESG
Origem Em 1994, com a publicação do artigo The Triple Bottom Line: What is It and How Does It Work? por John Elkington.
Posteriormente, tornou-se popular com a publicação do livro Cannibals with Forks: The Triple Bottom Line of 21st Century Business, em 1997, por John Elkington. O acrônimo ESG foi publicado pela primeira vez no relatório Who Cares Win da Organização das Nações Unidas em 2004.
Definição Framework que incorpora três dimensões de performance: social, ambiental e financeira. Utilizado para medir a performance das corporações. Adiciona aspectos ambientais e sociais às dimensões já existentes de lucro, retorno de investimento e valor para os acionistas O termo ESG aborda 3 fatores importantes da atuação das empresas quanto as questões de sustentabilidade, que são os aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa.
Estes fatores passaram a ter uma influência de fora para dentro das empresas, estes aspectos e as ações das empresas tem influenciado o processo de decisão para a realização de investimentos.
Estratégia Formado pelas perspectivas do Planet, People & Profit. O ESG está baseado em 3 fatores principais que são as questões ambientais, sociais e de governança.
É a partir destes conceitos que as empresas precisam determinar os itens de maior relevância a fim de definir o planejamento estratégico. A Matriz de Materialidade é a ferramenta utilizada para este levantamento e sua aplicação é realizada a partir de 4 etapas principais:
• Avaliação dos cenários internos e externos;
• Mapeamento da cadeia de valor, identificar os stakeholders principais (internos e externos) para serem consultados;
• Realizar pesquisas com as partes interessadas sobre os temas de maior interesse;
• Priorização dos temas identificados na análise e das pesquisas realizadas.
Com os critérios definidos são utilizadas os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da agenda 2030 e com base nos critérios do relatório GRI onde são definidas as ações e as metas a serem seguidas pelas empresas.
Público-alvo • Multistakeholders, estando intimamente ligado à necessidade recente que as empresas têm sentido de responder, não só aos seus acionistas, mas a todas as partes interessadas na empresa. • O ponto focal do ESG é prover informações detalhadas sobre as ações realizadas pelas empresas, tendo como público alvo os investidores.
Estrutura • Social;
• Econômico;
• Ambiental. • Ambiental;
• Social;
• Governança.
Foco • Dimensões dentro do tripé da sustentabilidade: Econômico, Social e Ambiental
• Perspectiva “de dentro para fora”, ou seja, a empresa define suas metas. • Dimensões Social, Ambiental e Governança;
• Foco na perpetuidade da empresa;
• Perspectiva “de fora para dentro”, ou seja, as metas da empresa conectadas à Agenda 2030;
• Priorização dos objetivos via Matriz de Materialidade, definindo os ODS´s e KPI´s prioritários;
Direcionamento • A organização tem liberdade para definir seus objetivos ambientais, sociais e econômicos, da maneira e velocidade que lhe convir. • Conexão dos objetivos com a Agenda 2030;
• Gestão baseada na materialidade, ODS´s e KPI´s direcionando as ações;
• Governança corporativa como dimensão essencial visando a gestão responsável e a perpetuidade.
Proposta • Atendimento as necessidades e demandas da sociedade. • Buscar atender as demandas internas da empresa e externas (sociedade, investidores, fornecedores, acionistas e outros).
Pressupostos Integração holística dos pilares social, ambiental e econômico, modo que eles tenham o mesmo peso nas decisões gerenciais, tendo em vista um cenário global onde a redução de impactos, sejam eles ambientais, sociais e/ou econômicos.
O desenvolvimento sustentável depende principalmente da formação de parcerias duradouras, do compartilhamento de conhecimento e modelos de negócios sustentáveis e das soluções encontradas conjuntamente, seja entre os setores privado e público, entre empresas, entre diferentes pares ao longo da cadeia de suprimentos, ou entre empresas e principais grupos de interesse que se relacionam com o problema a ser resolvido (Elkington, 1998). Formação de uma abordagem, uma mentalidade ou um olhar diferenciado para o negócio.
As empresas demonstram com maior transparência para a sociedade as ações realizadas quanto as questões ambientais, sociais e de governança.
Efeito primário Ampliar a visão de sucesso de empresas para além do resultado financeiro, unindo à esse primeiro mais dois pilares essenciais: o desenvolvimento ambiental e o social. Evidência de forma transparente o adensamento da cadeia de valor no contexto em que a empresa inserida, evidência os impactos ambientais e sociais à sociedade no entorno. Demonstra de forma clara e objetiva os riscos, o planejamento estratégico e as metas a serem estruturadas para a redução dos impactos nos fatores ESG.
Efeitos secundários • Reduzir o consumo de e matérias primas e insumos como energia elétrica e água;
• Redução dos custos com disposição e tratamento de resíduos;
• Otimização do uso de materiais no processo produtivo;
• Retenção e atração de recursos humanos e engajamento dos funcionários;
• Melhores condições de trabalho;
• Aumento da produtividade;
• Maior preocupação social e com a saúde dos funcionários;
• Ganho de reputação;
• Melhora no desempenho da responsabilidade social corporativa;
• Melhoria da competitividade e posicionamento no mercado; • Maior valorização da empresa no mercado de ações;
• Geração do Mercado Green Bond;
• A percepção dos investidos é que os aspectos ESG apresentam menor risco a longo prazo;
• Reduzir o consumo de e matérias primas e insumos como energia elétrica e água;
• Redução dos custos com disposição e tratamento de resíduos;
• Otimização do uso de materiais no processo produtivo;
• Retenção e atração de recursos humanos e engajamento dos funcionários;
• Melhores condições de trabalho;
• Aumento da produtividade;
• Maior preocupação social e com a saúde dos funcionários;
• Ganho de reputação;
• Melhora no desempenho da responsabilidade social corporativa;
• Melhoria da competitividade e posicionamento no mercado;
Indicador de desempenho (métricas) Mesmo não existindo um padrão universal, indicadores são sugeridos para as três dimensões propostas (vide tabela 1). A prática de disponibilizar relatórios público é um meio comumente utilizada pelas empresas ESG como meio de disponibilizar informações relevantes sobre a evolução do processo para adoção dos critérios, com metas, diretrizes e planos estratégicos.
Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 são um dos aspectos empregados pelas empresas para determinar seus objetivos. Os ODS são compostos por 17 objetivos principais e mais de 200 metas estabelecidas, as empresas avaliam com base na matriz de materialidade os objetos e as metas a serem seguidas e isso passa a incorporar o relatório das empresas.
Princípios, métodos, técnicas e ferramentas As principais diretrizes e ferramentas TBL utilizadas pelas empresas são:

• Global Reporting Initiative (GRI)
• Normas da International Organization for Standardization (ISO) referentes ao meio ambiente e responsabilidade social: séries ISO 14000, ISO 45000 e ISO 26000 e correlacionadas
• Occupational Health and Safety Assessments Series OHSAS 18000 – British Standards Institution (BSI). Atualmente a grande maioria das empresas migrou ou está migrando para a ISO 45000
• AA1000 – Institute of Social and Ethical Accountability (ISEA)
• SA8000 – Social Accountability International (SAI)
• Índice Dow Jones de Sustentabilidade
• Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) – BM&FBovespa
• Indicadores setoriais Sustainability Accounting Standards Board (SASB); As principais diretrizes e ferramentas ESG utilizadas pelas empresas são:
• Normas da International Organization for Standardization (ISO) referentes ao meio ambiente e responsabilidade social: séries ISO 14000, ISO 45000 e ISO 26000 e correlacionadas
• Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS);
• Global Reporting Initiative (GRI);
• Indicadores Ethos (Visão, Estratégia, Governança, Gestão, Social e Ambiental);
• Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) – BM&FBovespa
• Carbon Disclosure Project (CDP);
• Índice Dow Jones de Sustentabilidade;
• Rating ESG (MSCI, Sustainalytics, ISS);
• Indicadores setoriais Sustainability Accounting Standards Board (SASB);
• Sistema B;
• Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC) da B3;
• Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT) da B3;
• Ìndice de Governança Corporativa – Novo Mercado (IGC-NM) da B3;
• Princípios de governança corporativa da Organization for Economics Co-operation and Development (OCDE)
• Relatório Cadbury
• Lei Sarbanes-Oxley.
Participantes Não foi identificada na literatura pesquisada nada sobre nomenclaturas específicas aos participantes do TBL. • Comitê Gestor ESG
• Stakeholders Externos (clientes, fornecedores, sociedade ao entorno, órgão públicos, concorrentes).
• Stakeholders Internos (colaboradores, familiares, acionistas, conselheiros, investidores).
Impacto financeiro Perspectiva de melhores resultados a longo prazo, mas não estabelece uma correlação direta com a valorização no mercado de ações. São mais reconhecidas pelos investidores por conta das boas práticas de sustentabilidade;
Perspectiva de melhores resultados a longo prazo nos aspectos de valorização no mercado de ações.
Dimensões econômicas A parte econômica gera muitas dúvidas dentro da ótica de Triple Bottom Line. Empresas nem sempre sabem como deve ser uma gestão mais sustentável e responsável financeiramente, então, o foco se limita ao lucro. No entanto, elas devem focar também:
• Na realização Gestão Patrimonial;
• Na Gestão Orçamentária e de Investimentos;
• Responsabilidade fiscal. Não aplicável.
Dimensões Ambientais O foco é manter práticas de produção mais adequadas, como a emissão de poluentes e o descarte de matéria-prima. Além do mais, há a necessidade de explorar recursos naturais com mais responsabilidade. Aborda as questões de:
• Uso sustentável dos recursos naturais;
• Cuidado com a geração de resíduos sólidos;
• Consumo dos recursos hídricos;
• Emissão de gases atmosféricos;
• Degradação e contaminação do solo;
• Mudanças climáticas;
• Legislação Ambiental;
• Diversidade da flora e fauna.
Dimensões Sociais Há duas maneiras de ver a questão social por uma empresa: interna e externamente. É preciso exercer responsabilidade e boas práticas diante dos funcionários e também estender essa atuação à comunidade. Aborda das questões de:
• Direitos Humanos;
• Relação de Trabalho;
• Saúde e Segurança;
• Relacionamento com a sociedade na qual a empresa está inserida;
• Diversidade de Gênero;
• Inclusão Social;
• Voluntariado e filantropia;
• Preservação dos bens e patrimônios culturais.
Dimensões Governança Não aplicável. Aborda as questões de:
• Integridade e combate à corrupção;
• Política pública e atividades políticas;
• Gestão de risco;
• Evasão Fiscal;
• Transparência das informações;
• Ética e conduta empresarial;
• Incorporação dos fatores ESG na Gestão;
• Segurança das Informações.
Certificações A certificação “B Corp” ou “B Corporation” (abreviatura de “Benefit Corporation”), ou “B Lab” é uma certificação concedida às empresas comerciais que atendem a requisitos sociais e ambientais, governança e transparência em relação ao público. Apesar da Certificação “B Corp” estar atrelada aos aspectos do Tripple Bottom Line, muitas empresas têm buscado esta certificação que avalia as questões sociais e ambientais, governança e transparência em relação ao público.
Novas Vertentes • ESG;
• Green Swan (John Elkington em “Green Swans: The Coming Boom In Regenerative Capitalism”). • EESG.
Empresas adotantes • Accenture Portugal;
• Dataprev;
• Faber Castel;
• Nitro;
• Sebrae. • Agropalma;
• Itaú Unibanco;
• JBS;
• Klabin;
• L’Oréal Brasil;
• Petrobrás.
Empresas adotantes do EESG (Sigla para Economic, Environmental, Social e Governance. Nesse novo contexto, é adicionado o “E” do econômico para dentro dos fatores ESG):
• Algar Telecom;
• Azul;
• Banco do Brasil;
• Banco do Nordeste
• Engie;
• Cemig;
• Eletrobras Furnas;
• Eletrobras Eletropar;
• Fiocruz;
• Gerdal;
• Grupo Malwee;
• LATAM;
• Mapfre;
• Metro SP;
• MRV;
• Natura;
• Omega Geração;
• Piracanjuba;
• Sabesp;
• Suzano;
• Ternium;
• Vale;
• Vivara.
Tabela 3 - Comparação entre Triple Bottom Line e ESG (Elaborada pelos autores)

 

No que se refere a Origem, o TBL veio bem antes do ESG. Como pode ser observado, o TBL surgiu em 1994 com a publicação de um livro de John Elkington e se popularizou a partir de 1997 através de um outro livro desse mesmo autor. Já o ESG surge dez anos depois do TBL, com a publicação de um relatório pela Organização das Nações Unidas. Muito se discute se o ESG seria uma evolução do TBL ou se são abordagens completamente distintas. Entretanto, não se chegou a um consenso. Mas o que se observou é que sempre houve uma discussão mais ampla sobre a sustentabilidade, sendo posteriormente relacionada ao TBL. Mas, isso evoluiu para incluir desempenho e “accountability” de critérios ESG de modo a qualificar as oportunidades de investimento (KRUGLIANSKAS, 2021). Segundo Costa (2021), a sigla ESG nada mais é do que uma derivada dos conceitos trazidos pelo Triple Bottom Line.
Apesar de serem abordagens relativamente semelhantes, por Definição se diferenciam. O TBL é framework que incorpora três dimensões de performance (social, ambiental e financeira) sendo utilizadas para medir a performance das empresas, adiciona aspectos ambientais (Planet) e sociais (People) às dimensões já existentes de lucro, retorno de investimento e valor para os acionistas (Profit). Já o ESG representa um novo modelo de gestão que pode até mesmo alterar o valor de uma empresa no mercado. Isso acontece porque elas sintetizam os critérios de conduta das organizações em áreas consideradas cada vez mais importantes para investidores.
Sob o aspecto de Estratégia, o Tripé da Sustentabilidade é formado pelas perspectivas do Planet, People & Profit, ou seja, a empresa deve ser conduzida visando à parte econômica, seus impactos ambientais e como ela se relaciona com seus colaboradores. Nessa ideia, é possível perceber como a sustentabilidade é algo muito maior do que simplesmente a preservação de recursos naturais e a redução da agressão ao planeta. Ser sustentável é ter ideias que consigam se renovar, gerenciar sem explorar, lucrar de forma responsável e com foco na continuidade da companhia, além de viver e conduzir projetos que não prejudiquem nenhuma esfera. Por outro lado, para o ESG, as empresas devem avaliar a materialidade, isto é, a relevância, dos temas de sustentabilidade periodicamente para embasar a sua estratégia de contribuição ao desenvolvimento sustentável. Para tal, adota-se a ferramenta Matriz de Materialidade, utilizada para representar e hierarquizar os temas mais importantes relacionados às atividades de uma empresa, conforme a opinião de seus públicos de interesse. Para se definir a materialidade de um tópico, de acordo com as normas da Global Reporting Inititative (GRI), uma combinação de fatores internos e externos deve ser considerada. É neste momento que se torna essencial a escuta aos stakeholders, isto é, partes interessadas como clientes, fornecedores, acionistas, comunidade, dentre outros. Essa consulta contribui para que a materialidade considere expectativas sociais mais amplas. Uma de suas aplicações mais conhecidas no meio corporativo talvez seja o papel norteador dos relatórios anuais de sustentabilidade.
Ao analisar os aspectos de público-alvo, o tripé da sustentabilidade busca por entender as necessidades internas da empresa. Estas necessidades são baseadas na mentalidade sustentável de seus gestores, que baseado nestes aspectos estabelece um processo de diagnostico interno a fim de entender o que é feito e as ações necessárias para o futuro. A definição das prioridades parte do princípio de entender as necessidades dos seus acionistas e das partes interessadas da empresa, neste momento são estabelecidas as metas. Diferentemente do TBL, o ESG está ancorado na elaboração do relatório de sustentabilidade, sendo peça fundamental para mensurar as ações e os resultados obtidos pelas organizações quantos os aspectos sociais, ambientais e de governança. Estes relatórios são divulgados anualmente pelas empresas e são a base utilizada pelos investidores para avaliar a performance das empresas. O que faz mover o ponteiro da sustentabilidade é a pressão do investidor (FAVARETTO, 2021). Por exemplo, índice de sustentabilidade (ISE) da B3 atribuiu uma nota para as empresas a partir de um questionário que é respondido sobre as ações realizadas nos setores ambiental, social e econômico financeiro.
A estrutura abordada entre os conceitos do tripé da sustentabilidade e ESG são congruentes em dois fatores: sociais e ambientais. Ao avaliar os aspectos abordados e conduzidos por cada um dos conceitos é nítido que os aspectos abordados pelo ESG apresentam uma maior profundida e abrangência. Adicionalmente, o tripé da sustentabilidade aborda em seu terceiro fator as questões econômicas que estão relacionados a saúde financeira da empresa como um todo, onde são avaliadas as questões de fluxo de caixa, endividamento, lucratividade dentre outros. Já o ESG aborda as questões de governança corporativa que aborda as questões de compliance, combate a corrupção, atendimentos as questões políticas, transparência, gestão de risco dentre outros.
Com relação ao Foco, o TBL e o ESG têm perspectivas diferentes, apesar dos componentes Sociais, Ambientais e Econômico estarem presentes no segundo também.
Para ilustrar o foco do TBL, Gomes de Oliveira Et al. (2016) cita que a Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) que iniciou em 1983 e terminou em 1987, tendo à frente Gro Brundtland, elaborou o relatório “Nosso Futuro Comum”. Nesse relatório foi apresentada a definição mais utilizada para desenvolvimento sustentável, apresentada a seguir: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades” (CMMAD, 1991, p. 46).
A busca do equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental, denominado Triple Bottom Line, passou a ser compreendida sob o termo sustentabilidade, que é considerado um dos termos mais frequentemente usados, porém, menos compreendido de nosso tempo, sua natureza multidimensional leva a uma falta de precisão, assim, até hoje, esse conceito ainda não está bem definido segundo os autores a seguir: Jickling (2000); Keiner (2006); Chacon (2007); Sachs (2008); Barbieri, Vasconcelos, Andreasi e Vasconcelos (2010); Ciegis, Ramanauskiene e Martinkus (2009).
Segundo Parisi (2010), o novo foco sobre a integração da sustentabilidade aos objetivos das organizações e da sociedade, resultou em uma mudança no debate sobre “o quê” e “porquê” para “como” tornar isto realidade. Nesse contexto, todos os fatos envolvidos com esses processos que possam contribuir para um melhor entendimento e aperfeiçoamento do conceito “sustentabilidade”, após devidamente estudados, devem ser ressaltados.
Já para ilustrar o foco do ESG, Belinky (2021) argumenta que o “ESG não é um novo nome para Sustentabilidade”. Segundo o autor o sucesso do discurso ESG e o interesse crescente no tema tiveram algumas implicações bastante perceptíveis, como a multiplicação da oferta de produtos financeiros “com ESG”, a busca das empresas pelo reconhecimento de sua “excelência ESG” e a indagação dos investidores sobre como avaliar a “qualidade do ESG” das empresas e dos produtos financeiros. Outra implicação, generalizada no campo dos negócios no Brasil, tem sido a substituição do termo “sustentabilidade” pelo termo “ESG”. Tudo se passa como se a nova sigla fosse uma “evolução” do aparentemente velho e desgastado conceito anterior. É comum vermos a simples substituição de uma expressão pela outra: de repente, “sustentabilidade” virou “out” e ESG virou “in”. É um filme já visto antes: assim como há uns 15 anos a expressão “responsabilidade social das empresas” foi praticamente substituída por “sustentabilidade”, agora esta última está sendo substituída por ESG. Ocorre, porém, que ESG não é um novo nome para sustentabilidade: apesar da convergência entre vários aspectos, trata-se de perspectivas diferentes.
O olhar ESG tem premissas, objetivos e resultados que podem convergir com os da sustentabilidade, mas que não os substituem. Acreditar que a ampla disseminação da perspectiva ESG esgota aquelas que, sem abrir mão do business case, aproximam-se da Agenda 2030 e, assim, contribuem de modo mais relevante para o desenvolvimento sustentável.
No contexto da Agenda 2030 impera uma lógica diferente, que parte do consenso firmado entre os países signatários. Esse consenso reflete a combinação entre o conhecimento científico (que aponta e dimensiona os limiares naturais e sociais que não deveriam ser ultrapassados) e o poder político (pelo qual países acomodam entre si a distribuição de responsabilidades e recursos para adoção das medidas necessárias). Vistas da perspectiva de uma empresa, essas são metas que vêm “de fora para dentro”, dimensionadas em escalas de magnitude e tempo muito maiores do que se pode esperar de uma organização individualmente.
No que se refere ao Direcionamento as abordagens possuem convergências, porém, como citado no item acima, a diferença de perspectivas fica evidente. Para descrever a abordagem do TBL, Gomes de Oliveira Et al. (2016) cita o Programa de Administração Ambiental da Universidade de Michigan, “as corporações são as únicas organizações com recursos, tecnologia, alcance global e motivação para alcançar a sustentabilidade” (Elkington, 2012, p. 109). Seguindo nessa linha de raciocínio quanto à sustentabilidade empresarial, Steffen e Young (2006) argumentaram que, mesmo diante de elevadas ações e movimentos significativos de empresas direcionando seus esforços para as dimensões social, econômica e ambiental da sustentabilidade buscando reunir todos os segmentos da sociedade, suscitaram inquietações e discussões de todos os atores para definir a (s) metodologia (s) que pudessem contribuir com a implantação da sustentabilidade nas empresas.
Já o direcionamento ESG, segundo Belinky (2021), em função da Agenda 2030, adota uma abordagem mais ampla, incluindo também o foco nas parcerias (os consensos pré-competitivos entre os atores sociais e econômicos) e na paz (resultado de um arranjo social e institucional estável e seguro para todos). Seu propósito é que a riqueza produzida pela atividade econômica, além de ser gerada de maneira sustentável, seja também adequadamente distribuída pela sociedade, com diminuição das desigualdades e maior inclusão social.
É consenso entre gestores e outros especialistas que a escolha de temas a se incorporar na gestão deve ser feita com base em uma análise de materialidade, ou seja, selecionando-se os aspectos que sejam mais relevantes para cada empresa, tendo em vista os impactos associados às suas atividades. Existem, porém, grandes divergências quanto à definição do que seja, de fato, material para cada empresa ou tipo de negócio. A Agenda 2030, por seu lado, reconhece a necessidade de priorização, mas sem abrir mão dos princípios de integração e interdependência entre os temas tratados por cada um dos 17 ODS. Disso decorre que, ao planejar e avaliar sua atuação sobre os temas que priorizou, a empresa precisaria considerar os impactos de suas ações não só sobre esses temas, mas também sobre os ODS como um todo.
No que se refere à gestão empresarial o autor reforça que a perspectiva ESG enfoca a governança corporativa como uma dimensão essencial para a gestão responsável, que vise à perpetuidade e ao sucesso da empresa no longo prazo, que não a exponha a riscos evitáveis e adote medidas para mitigação dos impactos negativos dos riscos que não possam ser evitados.
Avançando para as métricas de sucesso, o contraste torna-se ainda maior: a perspectiva ESG, focalizada no nível da empresa, requer métricas balizadas por uma dinâmica dos gestores e de seus stakeholders diretos, em escala e velocidade não necessariamente compatíveis com as requeridas pela sustentabilidade em seu conjunto.
Para que o potencial pleno dessa perspectiva seja aproveitado, é essencial que gestores e investidores percebam que é preciso ultrapassar esse entendimento básico, adotando critérios que balizem as práticas ESG esperadas das empresas não só pela lógica dos negócios, mas também pela firme intenção de aproximar sua ambição à expressa na Agenda 2030 e nos ODS.
Segundo John Elkington (1997) a sustentabilidade – no caso do TBL especificamente, objeto do livro em questão – tem como proposta garantir que nossas ações hoje não limitem o leque de opções econômicas, sociais e ambientais abertas às gerações futuras e este é o paradigma de negócios emergente do século 21. O desenvolvimento sustentável é proposto por governos e líderes empresariais como uma proposta para uma ampla gama de problemas que estão na agenda internacional. Estes problemas vão desde a desparasitação global, a destruição da camada de ozônio, passando pelo colapso da pesca oceânica até problemas sociais, como a morte de 37.000 crianças com menos de cinco anos de idade todos os dias (principalmente de doenças para as quais existem curas baratas) ou ainda a morte de 585.000 mulheres grávidas todos os anos. O primeiro relatório da ONU Global Environmental Outlook, publicado em 1996, argumentou que o mundo ainda mantém “o necessário senso de urgência” necessário para se afastar do “precipício ambiental”.
O que isso tem a ver com negócios? Como pressupostos, muitos empresários argumentarão que é difícil seu negócio salvar o mundo. Mas a expectativa em torno do que os negócios podem entregar está crescendo em todo o mundo. Em parte, isso decorre das atividades de organizações como o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), mas também decorre do reconhecimento de que as empresas precisam de mercados estáveis – e, exclusivamente, têm as habilidades de tecnologia, finanças e gestão necessárias para alcançar a transição para a sustentabilidade.
Há muito tempo cegos para a maioria das questões ambientais, os mercados financeiros estão se preocupando e agitando por mudanças. Os principais bancos e seguradoras estão assinando cartas sobre desenvolvimento sustentável. As seguradoras, que muitas vezes precisam pagar a conta pelos prejuízos de outros setores, podem nunca ter feito campanha ativamente pela desregulamentação ou pela aplicação negligente das leis de controle de poluição. Eles vão insistir cada vez mais para que a indústria e os governos tomem medidas.
E o que traz de novidade o ESG ou qual a diferença de proposta e pressupostos entre o ESG e o TBL?
Segundo Oliveira (2021), ESG tem como proposta contribuir para a geração de valor – como o caso do TBL – com o diferencial de estar em linha com o interesse do acionista e com o artigo de Friedman sobre a teoria da agência, logo, do agente e do principal, evocando assim, a questão da governança corporativa e pública.
Além da noção de agente e principal, tendências importantes das últimas décadas precisam ser levadas em consideração para entender como as fronteiras entre a corporação e o ambiente externo à empresa ficaram mais tênues. Isso se aplica não apenas ao mundo corporativo, mas a toda e qualquer organização privada ou estatal.
Como pressuposto, no contexto atual, os gestores têm de responder a um conjunto mais amplo de partes interessadas. Note-se que isso se dá não em detrimento dos interesses dos acionistas, mas em prol da sustentabilidade do negócio, em última análise em prol do interesse dos acionistas. Ainda segundo o autor, ao menos cinco macrotendências podem explicar o porquê da ampliação do escopo das políticas corporativas:
• Efeito Casa de Vidro: Deslizes ou dissonância entre a vida interna das empresas e a versão pública de seus valores acarretam efeitos reputacionais potencialmente devastadores e destruidores de valor como os exemplos recentes da Operação Lava Jato
• Empresas se tornaram grandes demais para se furtar a participar. Empresas como Wallmart, Microsoft, Amazon e Apple, só para citar algumas, têm seu resultado financeiro maior que a riqueza de muitos dos países onde fazem negócios
• Responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas
• Aumento do risco socioambiental
• Preferência dos consumidores por empresas e marcas com responsabilidade ambiental, social e isentas de escândalos
Tanto o TBL quanto o ESG apresentam efeitos primários muito semelhantes. Ambas as iniciativas trazem em si o comprometimento da organização para com o contexto externo: meio ambiente e sociedade. No que se refere ao Tripé da Sustentabilidade, busca-se uma ampliação da visão de sucesso das empresas para além do resultado financeiro, unindo à esse primeiro mais dois pilares essenciais: o desenvolvimento ambiental e o social (AVILA, 2021). E para o ESG há uma preocupação com a transparência das práticas, resultados, aspirações e impactos ambientais e sociais à sociedade no entorno da empresa. Isto é, busca-se demonstrar de forma clara e objetiva os riscos, o planejamento estratégico e as metas a serem estruturadas para a redução dos impactos nos fatores ESG.
No que diz respeito aos aspectos de efeitos secundários, ambas abordagens estão voltadas para a redução do consumo de e matérias primas e insumos como energia elétrica e água; redução dos custos com disposição e tratamento de resíduos; otimização do uso de materiais no processo produtivo; retenção e atração de recursos humanos e engajamento dos funcionários; melhores condições de trabalho; aumento da produtividade; maior preocupação social e com a saúde dos funcionários; ganho de reputação; otimização do desempenho da responsabilidade social corporativa e; melhoria da competitividade e posicionamento no mercado. Entretanto, o ESG traz como diferencial uma maior valorização da empresa no mercado de ações, proporcionando maiores investimentos trazidos pelos fundos que detém as questões ESG como ponto chave para o mercado futuro, além geração do Mercado Green Bond com a criação de fundos para investimentos em projetos verdes e também na criação percepção dos investidos é que os aspectos ESG apresentam menor risco a longo prazo e menor volatilidades dos valores das ações para as empresas que adotam este conceito.
No que tange a gestão por Indicadores de Desempenho, ambas abordagens se utilizam de métricas para avaliar o avanço e desempenho dos programas de sustentabilidade. O TBL, mesmo definindo uma unidade de medida padrão (US$ para aspectos financeiros e índice para medidas ambientais e sociais) não postula indicadores padronizados para as vertentes financeira, social e ambiental. Essa prática dificulta a comparação entre os resultados das empresas adotantes desse modelo. Neste contexto o ESG difere do TBL já que este contempla um conjunto estruturado de métricas associadas aos objetivos de sustentabilidade (ODS). As empresas adotantes do ESG selecionam dentro do rol de objetivos e metas existentes, aqueles que melhor se enquadrem aos seus objetivos e se utilizam das métricas pre-definidas para fazer a gestão da evolução dos seus programas. Essa capacidade de utilização de métricas especificas permite que as várias organizações sejam comparadas entre si, viabilizando dessa forma um benchmark entre elas.
Como pode ser observado na Tabela 3, são muitos os princípios, métodos, técnicas e ferramentas que ambas as abordagens comuns entre essas:
Os Padrões Global Reporting Initiative (GRI) ajudam as organizações a entender seus impactos externos na economia, meio ambiente e sociedade, incluindo aqueles sobre direitos humanos. Isso aumenta a responsabilidade e aumenta a transparência em sua contribuição para o desenvolvimento sustentável. São um sistema modular composto por três séries de Padrões a serem usados em conjunto: Padrões Universais, Padrões Setoriais e Padrões Tópicos.
As organizações podem usar os Padrões GRI para preparar um relatório de sustentabilidade de acordo com os Padrões ou usar Padrões selecionados, ou partes de seu conteúdo, para relatar informações para usuários ou propósitos específicos, como relatar seus impactos de mudanças climáticas para seus investidores e consumidores.
Normas da International Organization for Standardization (ISO) referentes ao meio ambiente e responsabilidade social: séries ISO 14000, ISO 45000, ISO 26000 e relacionadas
Sobre a série ISO 14000, conforme verificado no website da ISO , especifica os requisitos para um sistema de gestão ambiental que uma organização pode usar para melhorar seu desempenho ambiental. A ISO 14001:2015 destina-se a ser utilizada por uma organização que pretenda gerir as suas responsabilidades ambientais de forma sistemática que contribua para o pilar ambiental da sustentabilidade. Ajuda uma organização a alcançar os resultados pretendidos de seu sistema de gestão ambiental, que agrega valor ao meio ambiente, à própria organização e às partes interessadas. Consistente com a política ambiental da organização, os resultados pretendidos de um sistema de gestão ambiental incluem: melhoria do desempenho ambiental, cumprimento das obrigações de compliance, realização dos objetivos ambientais.
A série ISO 45000 especifica os requisitos para um sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional (SSO) e fornece orientações para seu uso, para permitir que as organizações forneçam locais de trabalho seguros e saudáveis, prevenindo lesões e problemas de saúde relacionados ao trabalho, bem como melhorando proativamente seu desempenho de SSO. Ajuda uma organização a alcançar os resultados pretendidos de seu sistema de gestão de SSO. Consistente com a política de SSO da organização, os resultados pretendidos de um sistema de gestão de SSO incluem: melhoria contínua do desempenho de SSO, cumprimento dos requisitos legais e outros requisitos, cumprimento dos objetivos de SSO.
Sobre a ISO 26000, um pouco diferente das outras normas ISO, não é uma norma de sistema de gestão. Não se destina para fins de certificação ou uso regulatório ou contratual . A ISO 26000 destina-se a fornecer às organizações orientações sobre responsabilidade social e pode ser usada como parte das atividades de políticas públicas. No entanto, para os fins do Acordo de Marrakech que institui a Organização Mundial do Comércio (OMC), não se destina a ser interpretado como uma “norma internacional”, “diretriz” ou “recomendação”, nem se destina a fornecer uma base para qualquer presunção ou constatação de que uma medida é compatível com as obrigações da OMC. Além disso, não se destina a fornecer uma base para ações legais, reclamações, defesas ou outras reivindicações em qualquer processo internacional, doméstico ou outro, nem se destina a ser citado como evidência da evolução do direito internacional consuetudinário.
A série de padrões AA1000 do Institute of Social and Ethical Accountability (ISEA) são frameworks baseados em princípios usados por empresas globais, empresas privadas, governos e outras organizações públicas e privadas para demonstrar liderança e desempenho em prestação de contas, responsabilidade e sustentabilidade. A série de padrões AA1000 inclui estruturas simples, práticas e fáceis de usar para:
• Desenvolver, analisar e implementar iniciativas de sustentabilidade (AA1000AP, 2018);
• Criação e condução de práticas inclusivas de engajamento de partes interessadas relacionadas à sustentabilidade (AA1000SES, 2015);
• Garantir a credibilidade ao relatar o progresso em direção às metas de sustentabilidade (AA1000AS v3).
A norma SA8000 do Social Accountability International (SAI) é baseado em padrões de trabalho decente reconhecidos internacionalmente, incluindo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, convenções da OIT e leis nacionais. A SA8000 aplica uma abordagem de sistemas de gestão ao desempenho social e enfatiza a melhoria contínua – não a auditoria no estilo de lista de verificação: Elementos do Padrão, Trabalho infantil, Trabalho Forçado ou Compulsório, Saúde e segurança, Liberdade de Associação e Direito à Negociação Coletiva, Discriminação, Práticas Disciplinares, Jornada de trabalho, Remuneração e Sistema de gestão
Os Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) são uma família de benchmarks de primeira classe para investidores que reconheceram que as práticas de negócios sustentáveis são essenciais para gerar valor a longo prazo para os acionistas e que desejam refletir suas convicções de sustentabilidade em seus portfólios de investimento. Foi lançada em 1999 – criado em conjunto pela S&P Dow Jones Índices e SAM – como a primeira referência global de sustentabilidade e acompanha o desempenho das ações das principais empresas do mundo em termos de critérios econômicos, ambientais e sociais.
Os índices servem como referência para investidores que integram considerações de sustentabilidade em seus portfólios e fornecem uma plataforma de engajamento eficaz para investidores que desejam incentivar as empresas a melhorar suas práticas de sustentabilidade corporativa.
De acordo com a metodologia aplicada através de um processo de seleção de componentes transparente e baseado em regras, com base nas pontuações totais de sustentabilidade das empresas, resultantes da avaliação anual de sustentabilidade corporativa global, apenas as empresas mais bem classificadas dentro de cada setor são selecionadas para inclusão na família Dow Jones Sustainability Index. Nenhuma indústria está excluída deste processo.

O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3 é o resultado de uma carteira teórica de ativos, elaborada de acordo com os critérios estabelecidos nesta metodologia. O objetivo do ISE B3 é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de empresas selecionadas pelo seu reconhecido comprometimento com a sustentabilidade empresarial. Apoiando os investidores na tomada de decisão de investimento e induzindo as empresas a adotarem as melhores práticas de sustentabilidade, uma vez que as práticas ESG contribuem para a perenidade dos negócios.
A SASB desenvolveu um conjunto completo de 77 Padrões da Indústria. Esses são chamados de Indicadores setoriais Sustainability Accounting Standards Board (SASB) . Em novembro de 2018, o SASB publicou esses Padrões, fornecendo um conjunto completo de Padrões específicos do setor aplicáveis globalmente que identificam o conjunto mínimo de tópicos de sustentabilidade financeiramente relevantes e suas métricas associadas para a empresa típica de um setor, que são projetados para serem econômicos para as empresas implementarem e úteis para as empresas e investidores.
A SASB fornece um Guia de Engajamento para investidores considerarem questões a serem discutidas com empresas sobre questões financeiras relevantes, bem como um Guia de Implementação para empresas que explica questões e abordagens a serem consideradas ao implementar as Normas SASB.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) , também conhecidos como Objetivos Globais, foram adotados pelas Nações Unidas em 2015 como um apelo universal à ação para acabar com a pobreza, proteger o planeta e garantir que até 2030 todas as pessoas desfrutem de paz e prosperidade.

Os 17 ODS são integrados – eles reconhecem que a ação em uma área afetará os resultados em outras, e que o desenvolvimento deve equilibrar a sustentabilidade social, econômica e ambiental. Países se comprometeram a priorizar o progresso para aqueles que estão mais atrasados. Os ODS são projetados para acabar com a pobreza, a fome, a AIDS e a discriminação contra mulheres e meninas. Os 17 ODS são:
1. Erradicação da Pobreza;
2. Fome Zero;
3. Saúde e Bem Estar;
4. Educação de Qualidade;
5. Igualdade de Gênero;
6. Água Potável e Saneamento;
7. Energia Limpa e Acessível;
8. Trabalho Decente e Crescimento Econômico;
9. Industria, Inovação e Infraestrutura;
10. Redução das Desigualdades;
11. Cidades e Comunidades Sustentáveis;
12. Consumo e Produção Responsáveis;
13. Ação Contra a Mudança Global do Clima;
14. Vida na Água;
15. Vida Terrestre;
16. Paz, Justiça e Instituições Eficazes;
17. Parcerias e Meios de Implementação.

Outros, estão mais relacionados à abordagem ESG, são:
As classificações de risco ESG da Sustainalytics medem a exposição de uma empresa a riscos ESG materiais específicos do setor e quão bem uma empresa está gerenciando esses riscos. Essa forma multidimensional de medir o risco ESG combina os conceitos de gerenciamento e exposição para chegar a uma avaliação absoluta do risco ESG. Identificamos cinco categorias de gravidade de risco ESG que podem afetar o valor corporativo de uma empresa conforme abaixo:

Figura 8 - Risk Rating - classificações de risco ESG da Sustainalytics

Cada Índice de Governança da B3 é o resultado de uma carteira teórica de ativos, elaborada de acordo com os critérios estabelecidos nesta metodologia. Utilizam procedimentos e regras constantes do Manual de Definições e Procedimentos dos Índices da B3. Não estão incluídos nesse universo BDRs e ativos de companhias em recuperação judicial ou extrajudicial, regime especial de administração temporária, intervenção ou que sejam negociados em qualquer outra situação especial de listagem.
O objetivo do Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC ) é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de empresas listadas no Novo Mercado ou nos Níveis 1 ou 2 da B3.
O objetivo do Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT ) é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de emissão de empresas integrantes do IGC que atendam aos critérios adicionais descritos na metodologia da B3.
O objetivo do Índice de Governança Corporativa – Novo Mercado (IGC-NM ) é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de emissão de empresas que apresentem bons níveis de governança corporativa, listadas no Novo Mercado da B3.
Os Princípios de governança corporativa da Organization for Economics Co-operation and Development (OCDE) destinam-se a ajudar os formuladores de políticas a avaliar e melhorar a estrutura legal, regulatória e institucional da governança corporativa, com vistas a apoiar a eficiência econômica, o crescimento sustentável e a estabilidade financeira. Isso é alcançado principalmente fornecendo aos acionistas, membros do conselho e executivos, bem como aos intermediários financeiros e prestadores de serviços, os incentivos certos para desempenhar suas funções dentro de uma estrutura de freios e contrapesos.
Com base nos Princípios, é papel das iniciativas governamentais, semigovernamentais ou do setor privado avaliar a qualidade da estrutura de governança corporativa e desenvolver disposições obrigatórias ou voluntárias mais detalhadas que possam levar em consideração aspectos econômicos, jurídicos, e diferenças culturais.
Os Princípios se concentram em empresas de capital aberto, tanto financeiras quanto não financeiras. Na medida em que sejam considerados aplicáveis, podem também ser uma ferramenta útil para melhorar a governança corporativa em empresas cujas ações não são negociadas em bolsa. Embora alguns dos Princípios possam ser mais apropriados para empresas maiores do que para empresas menores, os formuladores de políticas podem desejar aumentar a conscientização sobre a boa governança corporativa para todas as empresas, incluindo empresas menores e não listadas.
A governança corporativa envolve um conjunto de relacionamentos entre a administração de uma empresa, seu conselho, seus acionistas e outras partes interessadas. A governança corporativa também fornece a estrutura através da qual os objetivos da empresa são definidos, e os meios para alcançá-los e monitorar o desempenho são determinados. Os Princípios reconhecem os interesses dos funcionários e outras partes interessadas e seu importante papel na contribuição para o sucesso e desempenho de longo prazo da empresa. Outros fatores relevantes para a tomada de decisão de uma empresa.
As discussões envolvendo acadêmicos, investidores e legisladores, originando teorias e marcos regulatórios, avolumaram-se nos anos 1990, após os graves escândalos contábeis da década anterior, envolvendo diferentes e importantes empresas. Em 1992 foi publicado na Inglaterra o Relatório Cadbury, considerado o primeiro código de boas práticas de governança corporativa.
Se tratava de um relatório sobre os aspectos financeiros da governança corporativa no Reino Unido, publicado em 1992 por um comitê liderado por Sir Adrian Cadbury. O chamado Código de Boas Práticas da Cadbury recomendava que os conselheiros não executivos fossem nomeados por mandatos específicos e que a recondução não fosse automática, que tais conselheiros fossem selecionados por meio de um processo formal e que tanto sua seleção quanto sua nomeação fossem um importa para o conselho como um todo. Juntamente com as recomendações do Relatório Greenbury e do Relatório Hampel, o Código Cadbury lançou as bases do Combined Code on Corporate Governance (Código Combinado de Governança Corporativa), publicado pela primeira vez em 1998.
O Public Company Accounting Reform and Investor Protection Act of 2002, ou – como ficou mais conhecida – Lei Sarbanes-Oxley, foi sancionada em 200 e apesar de ter acontecido nos Estados Unidos, a Sarbanes-Oxley não afetou apenas companhias norte-americanas, mas o mercado de forma globalizada. Foi trazida como resposta aos inúmeros escândalos de fraudes que ocorreram nas grandes empresas norte-americanas, como Enron, Worldom, Tycon etc. Os quais resultaram em gigantescas falências, destruição de valor e inúmeros prejuízos aos acionistas. Tem como alicerce quatro pilares
Compliance – conformidade legal;
Accountability – prestação de contas de forma responsável;
Disclosure – transparência;
Fairness – senso de justiça.
Destaque para sua finalidade: Proteger os investidores, melhorando a acurácia e a confiabilidade das divulgações corporativas feitas de acordo com as leis de valores mobiliários e para outros fins
Em relação a definição dos participantes, na abordagem ESG a formalização de um Comitê de ESG responsável por assessorar o Conselho de Administração no desenvolvimento e implementação da estratégia de sustentabilidade da organização é uma prática de extrema relevância. Esse comitê tem papel fundamental no direcionamento e monitoramento das iniciativas e práticas associadas aos três pilares, social, ambiental e de governança. No âmbito do TBL, com base na revisão bibliográfica não foram identificadas práticas que recomendem a criação de mecanismos organizacionais formais para condução do processo.
Em 2019, no 25º aniversário do Triple Bottom Line, seu criador, John Elkington, em um artigo para a Harvard Review , se propôs a fazer uma revisão e “alguns ajustes”. Segundo esse artigo, desde a década de 1990 o setor de sustentabilidade tem crescido rapidamente, algo como U$ 1 bilhão em receitas anuais pelo mundo. Ainda assim, pesquisas de mercado sugerem que os mercados futuros de seus produtos e serviços podem ser enormes – com a previsão de que as metas da ONU criem oportunidades de mercado de mais de U$ 12 trilhões como impacto financeiro por ano até 2030 (e isso é considerado uma estimativa conservadora).
Segundo Savitz (2014) a sustentabilidade é um poderoso motor de crescimento econômico e empresarial, impulsionando a inovação e novas tecnologias. Em 2004, US$ 5,8 bilhões foram gastos em iniciativas de “construção verde” – projeto e construção de edifícios ecologicamente corretos, saudáveis e eficientes; em 2011, a soma havia crescido rapidamente para US$ 87,1 bilhões. Novos negócios inteiros foram desenvolvidos em apoio, incluindo eletrodomésticos que economizam energia, banheiros de baixo fluxo, tecnologias aprimoradas para aquecimento, aquecimento solar, iluminação e eletricidade, e refrigeração supereficiente e sistemas de isolamento.
Ainda segundo Savitz (2014), as empresas bem administradas, grandes e pequenas, estão respondendo aos desafios impostos por acionistas e consumidores mais conscientes e exigentes. A Toyota com o motor híbrido gás-elétrico, cria, com o Prius, uma categoria inteiramente nova de veículos que todas as outras montadoras procuram imitar. A DuPont se afasta dos produtos químicos para se tornar o maior produtor mundial de proteína de soja. A Procter & Gamble enfrenta a Unilever para descobrir como desenvolver e vender produtos para os pobres desesperados de maneira a ajudá-los a sair da pobreza. E a maioria desses movimentos está gerando enormes benefícios financeiros. A Toyota tornou-se a empresa automobilística número um do mundo, em grande parte com base no híbrido; O Wal-Mart e seus fornecedores estão economizando bilhões com base em seus programas ambientais para reduzir o desperdício; e a PepsiCo alega aumentos de receita anual de US$ 250 milhões de novos programas de compras que buscam empresas pertencentes a mulheres e membros de grupos minoritários.
No que se refere a Dimensão econômica, esta se encontra presente somente no TBL, embora seja tratada também no ESG, mas não é o foco. No TBL, as organizações devem atuar não somente na perspectiva de gestão financeira (limitando ao lucro), como também:
Na Gestão Patrimonial de maneira responsável, com a renovação do que é necessário em nível de equipamentos e ferramentas, investindo para ter bons resultados. Isso é fundamental para que se tenha uma produção e uma prestação de serviços da melhor qualidade;
Na Gestão Orçamentária e de Investimentos com análises e estudos mais detalhados são importantes para que, em longo prazo, a companhia consiga se manter sem problemas econômicos;
Na responsabilidade fiscal, pois as empresas precisam se comprometer em demonstrar seus resultados de maneira adequada, sobretudo, quando existem acionistas interessados nessas informações. São obrigações que se estendem à gestão de documentos fiscais e ao pagamento dos devidos tributos e declarações à Receita.
A Dimensão Ambiental é tratada em ambas as abordagens: TBL e ESG. Para o Tripé da Sustentabilidade essa é o pilar mais debatido e, frequentemente, confundido como central. Mas a causa ambiental é tão importante quanto ao pilar econômico e social. Aqui o foco é manter práticas de produção mais adequadas, como a emissão de poluentes e o descarte de matéria-prima. Além do mais, há a necessidade de explorar recursos naturais com mais responsabilidade. Nesse sentido, práticas sustentáveis são aquelas que garantem uma continuidade, ou seja, têm a preocupação de continuar usando recursos, o que só é possível com a exploração adequada. De maneira semelhante, para o ESG, as questões ambientais denotam como as empresas gerenciam seus impactos ambientais, que têm consequências para a sociedade e o planeta. Então, leva-se em consideração o escopo de atuação: emissões diretas de fontes próprias ou controladas, emissões indiretas da geração de eletricidade adquirida, vapor, aquecimento e resfriamento consumidos pela empresa ou, ainda, todas as outras emissões indiretas da cadeia de valor de uma empresa.
A Dimensão Social também é tratada em nas duas abordagens. Nesse pilar, há duas maneiras de ver a questão social, seja TBL ou ESG: a interna e externa. Dessa forma, é necessário exercer responsabilidade e boas práticas diante dos funcionários e também estender essa atuação à comunidade. Com isso, para a:
Perspectiva interna, deve respeitar seus colaboradores e oferecer boas condições de trabalho. Nesse sentido, o mínimo que se espera dela é o atendimento a aspectos como flexibilidade, remunerações justas, benefícios, inclusão e diversidade, suporte. Com isso, o ambiente de trabalho torna-se saudável, com uma relação harmoniosa e justa, fatores que impactam positivamente os resultados da empresa.
Perspectiva externa deve haver a preocupação com a comunidade na qual a empresa está inserida. Prestar suporte ao seu entorno é fundamental, muitas vezes, como forma de realmente assumir sua responsabilidade como grande organização. Como exemplos, tem-se projetos sociais, valorização da mão de obra local e programas de apoio ao bem-estar e incentivo educacional são alguns dos melhores exemplos de como atuar nesse sentido.
Já a Dimensão Governança está presente somente no ESG. Não é discutida no TBL. Trata-se de como as empresas devem se manter em conformidade legal (compliance), garantindo transparência e as melhores práticas do setor, além do diálogo com os reguladores. Também aponta para o sistema interno de controles, práticas e procedimentos para governar e tomar decisões eficazes. Aqui aborda-se aspectos de liderança, composição de conselhos, compensação de executivos, corrupção, lobby, contribuições ou doações políticas etc.
No que tange às Certificações, o mercado tem atuado com a Certificação B Corp para ambas as abordagens: TBL e ESG. Apesar de ela estar atrelada aos aspectos do Triple Bottom Line, muitas empresas têm buscado esta certificação que avalia as questões sociais e ambientais, governança e transparência em relação ao público. Sua finalidade é criar uma mudança de mindset nas empresas de modo que elas criem uma competição não para serem as melhores no mundo, mas as melhores para o mundo. A B Corporation utiliza o poder do negócio para resolver problemas sociais e ambientais. Para isso, acreditam ser essencial medir o que mais importa para a geração de valor para os seus clientes, funcionários, comunidade e meio ambiente. Acreditam-se que na próxima geração, todas as empresas vão medir e gerenciar seu impacto da mesma maneira que fazem hoje estudos de rentabilidade.
No aspecto de Novas Vertentes, para o TBL o próprio ESG pode ser considerado uma nova vertente. Como citando anteriormente, para alguns autores, o ESG seria uma evolução ou adaptação do TBL. Uma outra vertente relacionada ao TBL que pode-se considerar é o Green Swan (Cisne Verde). Nesse contexto, o Capitalismo Regenerativo, apontado por John Elkington, considerado o Pai da Sustentabilidade, indica que o cisne verde se apresenta como uma transformação profunda e significativa do mercado e oferece uma evolução exponencial na forma da criação de riqueza econômica, social e ambiental. Nesse sentido, ele enfatiza a necessidade da criação de modelos econômicos circulares e regenerativos no seu crescimento, pois o aumento das pessoas ao redor do planeta eleva, consideravelmente, a pressão sobre o capital natural (NASCIMENTO, 2021). E no que se refere ao ESG,
Recentemente, vem sendo muito utilizada o EESG, como pode-se perceber a partir do levantado do formato em que empresas com atuação no Brasil publicam seus Relatórios de Sustentabilidade (Vide o critério abaixo “Empresas adotantes”). Esse novo conceito incorpora uma nova vertente as questões de ESG relacionadas as questões econômicas. A inclusão dos aspectos econômicos para que o jeito de fazer negócio seja transformado. É evidente que as questões ambientais, sociais e de governança impactam o resultado financeiro da empresa e isso precisa ser levado em conta nos aspectos econômicos. Em suma, o mercado segue para uma combinação do TBL com o ESG, surgindo o conceito de EESG.
Por fim, no que se refere ao aspecto “Empresas adotantes”, por meio de uma breve pesquisa e análise dos relatórios de sustentabilidade publicados por 34 empresas, de diversos portes e segmentos com operação no Brasil, observou-se que que a maioria (68%) adota o nome “Relatório de Sustentabilidade”, conceito esse que se relaciona originalmente diretamente com o TBL. No entanto, o conteúdo apresentado nesses documentos estabelece relação majoritariamente com o EESG. No total, 15% das empresas adotam a abordagem TBL, 15% a abordagem ESG e 68% a abordagem EESG. Na tabela abaixo, encontram-se as empresas, os nomes dados aos seus relatórios de sustentabilidade e a abordagens adotadas:
Empresa Relatório E A S G Resultado
Sebrae Relatório de Sustentabilidade X X X - TBL
Engie Relatório de Sustentabilidade X X X X EESG
Grupo Malwee Relatório de Sustentabilidade X X X X EESG
Faber Castell Relatório de Sustentabilidade X X X - TBL
Accenture Portugal Relatório de Sustentabilidade X X X - TBL
Vale Relatório de Sustentabilidade X X X X EESG
Petrobrás Relatório de Sustentabilidade - X X X ESG
Agropalma Relatório de Sustentabilidade - X X X ESG
Omega Geração Relatório de Sustentabilidade X X X X EESG
Algar Telecom Relatório de Sustentabilidade X X X X EESG
Natura Relatório Anual X X X X EESG
Banco do Brasil Relatório Anual X X X X EESG
Cemig Relatório Anual de Sustentabilidade X X X X EESG
Metro SP Relatório Integrado (Até 2016 era "Relatório de Sustentabilidade") X X X X EESG
Banco do Nordeste Relatório de Sustentabilidade X X X X EESG
Latam Relatório Integrado (Até 2017 era "Relatório de Sustentabilidade") X X X X EESG
Azul Relatório de Sustentabilidade X X X X EESG
Nitro Relatório de Sustentabilidade X X X - TBL
Eletrobras Furnas Relatório Anual (Até 2018 era "Relatório de Sustentabilidade") X X X X EESG
Eletrobras Eletropar Relatório Integrado de Gestão (Até 2016 era "Relatório de Sustentabilidade" X X X X EESG
Fiocruz Relatório de Gestão X X X X EESG
Sabesp Relatório de Sustentabilidade X X X X EESG
MRV Relatório de Sustentabilidade X X X X EESG
Dataprev Relatório de Sustentabilidade X X X - TBL
Klabin Relatório de Sustentabilidade - X X X ESG
JBS Relatório de Sustentabilidade X X X X ESG
Piracanjuba Relatório de Sustentabilidade X X X X EESG
Vivara Relatório de Sustentabilidade X X X X EESG
Mapfre Relatório de Sustentabilidade X X X X EESG
Suzano Relatório de Sustentabilidade X X X X EESG
Itaú Unibanco Relatório ESG - X X X ESG
Ternium Sustainability Report X X X X EESG
L’Oréal Brasil Relatório de Progresso Internacional e Brasileiro - X X X ESG
Gerdal Relatório Anual X X X X EESG
Tabela 4 – Empresas adotantes do TBL, ESG e EESG (Elaborada pelos autores).

5. CONCLUSÕES
O objetivo deste trabalho foi comparar as abordagens Triple Bottom Line e ESG. Para tanto, adotou-se a abordagem qualitativa e exploratória, por meio do procedimento técnico de pesquisa bibliográfica, para condução de revisão da literatura. Os objetivos específicos foram revisar os conceitos separadamente, identificando as suas diferenças e similaridades.
Observou-se que as abordagens TBL e ESG são bem difundidas tanto na literatura, quanto vêm sendo empregadas por diversas organizações dos mais variados setores. Por outro lado, constatou-se também poucos estudos principalmente nacionais, acerca da comparação entre os conceitos lado a lado. Constatou-se que há pontos de convergências e divergências entre as duas abordagens e concluiu-se haver mais pontos comuns entre elas do que de exclusão, podendo fornecer grandes saltos de desempenho para as empresas que já as adotam.
Vale ressaltar que adotar o TBL ou ESG significa que haverá uma espécie de ato de equilíbrio e a adoção de uma mentalidade de compensação quando se trata de definir a estratégia de uma empresa para a tomada de decisões (COLLINGS, 2020). A sigla ESG nada mais é do que uma derivada dos conceitos trazidos pelo TBL (COSTA, 2021), que define os critérios para qualificar as oportunidades de investimento (KRUGLIANSKAS, 2021).
Por outro lado, o desempenho sustentável precisa utilizar os conceitos do Triple Bottom Line, introduzido por John Elkington (1998), onde as organizações precisam incorporar as questões econômicas, sociais e ambientais em sua estratégia de negócio. Isto visa buscar proteger e sustentar a sociedade e o meio ambiente para as futuras gerações, maximizando o objetivo da capitalização de mercados (ALSAYEGH; RAHMAN; HOMAYOUN, 2020).
A política de sustentabilidade precisa estar atrelada principalmente a empresa, e cada uma precisa determinar os pontos mais relevantes sobre os aspectos que norteiam as questões econômicas, ambientais, sociais e de governança fazendo que tudo está intimamente conectado ao negócio da organização como um todo, neste ponto o modelo de abordagem passa a ser irrelevante.
Diante dos estudos realizados a partir dos relatórios de sustentabilidade de várias empresas (tabela 4) é perceptível uma movimentação significativa para a incorporação da dimensão econômica do TBL nas dimensões do ESG em mesmo relatório, criando a perspectiva EESG para a abordagem dos aspectos de sustentabilidade.
A abordagem EESG dará maior transparência ao mercado e aos stakeholders, nesta perspectiva as empresas começam a consolidar todas as informações em um único relatório. Esta é uma tendência a ser consolidada no mercado nos próximos anos, sendo este o padrão a ser adotado por todas as empresas.
A evolução da responsabilidade sobre os aspectos de sustentabilidade depende de uma atuação consciente e participativa das organizações e da sociedade sendo este o principal diferencial de preservação do mundo em vivemos, e esta ação depende exclusivamente de cada um de nós como protagonistas de um tema de grande relevância.
Como sugestões de futuras pesquisas, os autores deste artigo recomendam: (i) aprofundar os estudos dos relatórios EESG das empresas análises e avaliar as questões abordadas em cada um deles com o objetivo de definir se há uma padronização; (ii) Avaliar os impactos positivos e negativos da utilização do Triple Bottom Line, ESG e EESG; e, (iii) Identificar os impactos causados na gestão das empresas com a implementação das dimensões consideradas pelo EESG.

REFERÊNCIAS
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ALSAYEGH, M. F.; ABDUL RAHMAN, R.; HOMAYOUN, S. Corporate Economic, Environmental, and Social Sustainability Performance Transformation through ESG Disclosure. Sustainability, 12, 3910, 2020.
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COLLINGS, T. What is Tripple Bottom Line, and which companies are using it today? Disponível em: https://www.greenbusinessmba.com/blog/what-is-the-triple-bottom-line . Acesso em: 28 de Novembro de 2021.
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