A verdade da recuperação de empresas

A verdade da recuperação de empresas

22 de maio de 2021

Depois de muitos anos trabalhando com empresas em dificuldade, utilizando o instituto da Recuperação Judicial ou não, percebe-se que a renegociação dos passivos, adotada em um primeiro momento, na maioria dos casos não é suficiente para solucionar as dificuldades enfrentadas por esses “pacientes” em grave estado de saúde financeira.

A redução e o alongamento da dívida são a anestesia, pois para curar o “paciente” é preciso fazer a cirurgia. E é nesse momento que devem ser projetadas as mudanças necessárias com o propósito de alcançar a verdadeira recuperação da atividade. Todos devem contribuir com algum sacrifício e cortes são necessários.

Quando se projetam os remédios, sempre amargos, que devem ser ministrados, em um primeiro momento os acionistas aceitam, ainda que com certa relutância, vislumbrando a salvação da atividade.

Os processos de Recuperação Judicial permitem que se contenham as execuções durante um determinado período e que se posterguem os pagamentos, alongando os prazos e reduzindo os montantes devidos. Essa possibilidade abre espaço para se fazer as intervenções necessárias com o intuito de estancar os saldos negativos de fluxo de caixa e, na sequencia, possibilitar a geração de recursos para pagar o passado. É um desafio de primeira grandeza.

É momento de se imaginar e implementar quais medidas são necessárias para alcançar a reversão de processos, e assim a atividade passe a gerar os recursos que permitam viabilizar o presente e pagar o passado.

Fato é que não há como alcançar resultados diferentes com a manutenção das mesmas premissas anteriormente adotadas, razão pela qual há que se agir e pensar de forma diferente, entretanto, imprescindível que tais medidas sejam adequadas à cultura da empresa.

Evidente que causas exógenas, tais como a crise econômica a que estivemos sujeitos ou a pandemia inédita que sofremos, serão superadas de per si, mas as medidas corajosas de “cura” são absolutamente necessárias para sanear a atividade e torná-la economicamente viável.

Reverter os efeitos nocivos desses momentos não é uma tarefa fácil, exige sacrifícios e superação dos setores público e privado, mas, como nunca, indispensáveis para não destruir o que restou da economia.

Há que se buscar uma retomada saudável, gradual e consistente; recuperar ao menos parte dos recursos aplicados; acelerar as compensações de prejuízos; ajustar multas e juros aa nova realidade; e estender prazos de pagamento.

Não se fala aqui em renúncia fiscal ou de direitos, mas sim de recuperação de valores que podem ser, de outra forma, irremediável e totalmente perdidos, acarretando maior desemprego e não só perda de capacidade produtiva, mas também capacidade técnica, tanto intelectual como física.

Conforme disse o Presidente Ronald Reagan, em momento de inspiração “filosófica”:

“O melhor programa social é o emprego” e para que isso seja alcançado dois fatores: outra chance e gestão renovada"