A MAL FALADA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

A MAL FALADA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

20 de julho de 2023 - Por ENRICO FABIETTI

Na quinta-feira, dia 6, conseguimos a aprovação do Plano de Recuperação da Avibras. A aceitação pelos credores foi superior a 95%. Uma grande vitória. Não somente para nós da READY e a Marcondes Machado Advogados, que negociamos e construímos uma solução com tais credores (sim as soluções são construídas com os credores, e não apesar dos credores), mas para a indústria de ponta, a tecnologia e os ativos que não se perderam, e principalmente para 1400 colaboradores altamente qualificados e suas respectivas famílias.

Encontramos, assim que conseguimos comprovar a boa intenção e a transparência na negociação, o melhor do espírito de colaboração com a grande maioria dos credores. Vieram ao nosso encontro ajudando no que possível, adiantando recursos próximos a uma centena de milhões de Reais. Não alcançamos essa vitória sozinhos, nem a queremos, essa vitória pertence a todos que se alinharam com a empresa.

As dificuldades que encontramos vieram muito mais das experiências que esses credores, financeiros ou não, tiveram anteriormente em outros casos nos quais foram logrados e desonestamente enganados, pedindo sacrifícios que só foram necessários pela inépcia, ou mesmo desonestidade de algumas poucas recuperandas. O desserviço que é prestado por essas empresas é enorme para a grande massa de companhias que se encontram em dificuldade efetiva, provocada por reversões de mercado, de moedas, de gestão.

Hoje, para sempre alcançarmos bons resultados, enfrentamos o seguinte desafio: a escolha estratégica que se faz necessária para mudar as premissas que levaram a empresa a essa crise. Temos que mudar as bases da estrutura da empresa, adaptá-la às novas exigências, levá-la ao Século XXI, fazer com que se adapte aos novos conceitos de um mundo em constante modificação e evolução.

Depois de inúmeras recuperações de empresas, muitas delas através do instituto da Recuperação Judicial (perto de 40 casos, ou talvez mais) chegamos a uma metodologia de transparência nas negociações em que buscamos atingir a melhor solução para ambos os lados. Na maioria das vezes é preciso sacrifícios, tanto da empresa, quanto dos credores. Esse sacrifício leva aos melhores resultados possíveis para ambos os lados.

Quanto aos acionistas, que são sempre acusados de explorar a empresa em proveito próprio (empresa pobre, acionista rico), temos que dizer que, na esmagadora maioria dos casos, quando o ¨case¨ chega para nossa análise, este controlador colocou no caixa todos os recursos de que dispunha. Eles vêm a nós quando a situação é crítica, quando drenaram todas as suas reservas . Quando tem que informar o banco, ou o fornecedor, que a próxima fatura ou parcela não será paga, apesar dos inúmeros anos de pontualidade nos pagamentos. Os poucos maus empresários fazem com que a esmagadora maioria tenha que provar sua boa intenção. Mais uma vez uns poucos rotulam o todo.

Durante todos esses anos(24 anos) militando nessa área, em que salvamos milhares de empregos, preservamos tecnologias, capacidades produtivas e maximizamos o retorno para as empresas e seus credores, tivemos uma quantidade imensa de sucessos, todos, repito todos, os nossos planos de recuperação foram aprovados, todas as empresas que sobreviveram e cresceram depois disso (a esmagadora maioria, contrariando as estatísticas que são divulgadas) voltaram a gerar empregos, a servir as cadeias econômicas em que se inserem, a gerar crescimento econômico e renda. As poucas que não prosperaram (menos de 5%) ou sucumbiram a evolução da tecnologia e não conseguiram se adaptar, ou estavam tão debilitadas que não puderam se reerguer. Todas porém, poderiam ter sido salvas com uma mudança da abordagem de estratégia, de gestão, na gestão ou maior resiliência na adaptação aos novos tempos.

Para suprir esses casos, no intuito de fazer prosperar esses mais difíceis, desenvolvemos uma metodologia que, junto com a reestruturação financeira da empresa, insere uma nova abordagem na gestão e na estratégia, adaptando a organização às novas necessidades. Sentimos que para completar o trabalho era preciso fazer um processo “cirúrgico” para finalmente “atracar o navio no cais”. Estávamos oferecendo um trabalho incompleto. Hoje não mais. Para quem necessitar estamos atuando na gestão com uma visão ampla e experiente das situações de crise.

Nicolau Machiavelli dizia em seu trabalho ¨O Príncipe¨ - Para se conhecer os vales é essencial se subir aos montes, assim como para conhecer os montes é preciso se descer aos vales. Para conhecer o povo é preciso ser príncipe e para conhecer um príncipe é preciso ser povo.

Dessa forma, para conhecer e resolver um problema é preciso manter certa distância, pois só ela permite uma boa perspectiva e frieza de análise. Quando estamos envolvidos, por melhor preparados que estejamos, em momentos de crise, não conseguimos manter a distância essencial que propicia a visão panorâmica necessária para maximizar os resultados.

É isto que oferecemos